Foto: Cartaz “Não à PEC da Morte”. Foto por UàE.
Redação UàE – 01/12/2016
Brasília, 29 de novembro de 2016 – o costumeiro azul nos céus do cerrado é rasgado pela fumaça cinza das bombas de gás lacrimogênio. Enquanto estudantes e trabalhadores de todo o país marchavam pelas ruas da capital, e eram fortemente reprimidos pela polícia, nas galerias e corredores do Congresso Nacional os senadores encenavam a farsa da forma republicana, espirituosamente comemorando aniversários de seus pares ou em contundentes, e cínicos, discursos pelo equilíbrio das contas do Estado, martelavam o tacão de ferro do Capital sob a cabeça da classe trabalhadora. Aprovada em primeiro turno a PEC 55, a PEC da Morte.
Entre os que lá estavam, do lado de fora respirando o pesado ar da repressão, se encontravam trabalhadores e estudantes da UFSC. Entendiam elas e eles que este, ocupar Brasília naquele dia, era mais um passo nos caminhos de luta da classe trabalhadora contra os ataques as nossas condições de vida. Um passo em um ciclo que se instalou na UFSC neste último trimestre, com a greve dos TAEs, as mobilizações docentes e as ocupações estudantis. Estas últimas iniciadas no dia 3 de novembro, com as ocupações dos estudantes do Centro de Ciências da Educação (CED) e do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH), as quais logo se seguiram as dos estudantes do Centro de Comunicação e Expressão (CCE) e Centro de Ciências Biológicas (CCB), bem como as ocupações em caráter de vigília, sem interrupção das atividades acadêmicas, ou com interrupção parcial, do Colégio de Aplicação (CA), do Centro Sócio Econômico (CSE) e do prédio da Arquitetura.
No decorrer desta semana está se encerrando o ciclo de ocupações na UFSC, como noticiado nas páginas de cada uma delas. Para os que paralisaram as aulas, as atividades devem ser retomadas até semana que vem. No entanto, como expressam as notas da Ocupa CCB e Ocupa CED, isto não significa que as lutas se findarão.
Ao longo destas semanas, as ocupações tiveram a ousadia de desafiar a direção reacionária do DCE, resistiram aos truculentos ataques dos liberais, as pressões conservadoras de um setor docente e discente pela normalidade das atividades, e construíram uma importante experiência nas lutas de nossa universidade. Esta experiência, é certo, abrirá um novo campo de possibilidades no movimento estudantil, e um novo momento de lutas se seguirá. E ele só será mais forte e mais potente ao abrirmos um debate sobre esta experiência – que possamos elaborá-la, significá-la, entendermos os limites e os avanços destes dias intensos de peleia.
Há aqueles que clamam pelos resultados das ocupações, repetindo a lógica imediatista da vida empresarial – há, também, as ocupações que apresentam aos seus suas vitórias internas. Queremos dizer, para iniciar este debate que precisa ser aberto, independentemente dos resultados, as ocupações nos disseram algo importantíssimo: o movimento estudantil não sucumbiu aos quatro anos à política asséptica da direção conservadora do DCE, e tampouco as cooptações das organizações pelas Reitorias. Com todas as dificuldades e limites, com a fragmentação, a ausência de estratégias comuns, dentre outras que precisamos refletir profundamente, o movimento estudantil está vivo e pulsa por todos os cantos desta universidade.
Notas das ocupações: https://www.facebook.com/notes/ocupa-ccb-ufsc/manifesto-ocupado-ccb/370171736659324 https://www.facebook.com/notes/ocupa-ced-ufsc/carta-da-ocupa-ced-%C3%A0-comunidade-acad%C3%AAmica/1871565533073424 https://www.facebook.com/ocupacaufsc/posts/1622592884708952 Informações das outras ocupações em: https://www.facebook.com/OcupaCFHUFSC/?fref=ts https://www.facebook.com/ocupacseufsc/?fref=ts https://www.facebook.com/UniaoCCE/?fref=ts https://www.facebook.com/ocuparq/?fref=ts ]]>