Imagem: Reprodução ClimaInfo
Beatriz Costa – Redação UàE – 18/10/2021
O presidente Jair Bolsonaro afirmou na quinta-feira passada, dia 14, que iria determinar ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, a reversão da bandeira “escassez hídrica”, taxa adicional cobrada sobre a conta de luz dos brasileiros. “Dói a gente autorizar o ministro Bento decretar bandeira vermelha, dói no coração, sabemos as dificuldades da energia elétrica. Vou pedir para ele… Pedir, não, determinar a ele que volte à bandeira normal a partir do mês que vem”, disse o chefe do Executivo no evento Conferência Global 2021 – Millenium, organizado por evangélicos.
Porém, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou nesta segunda-feira, dia 18, que a bandeira de escassez hídrica da conta de energia “a princípio, vigorará até o final de abril [de 2022]”, contrariando o que tinha sido dito pelo presidente Jair Bolsonaro. A bandeira tarifária de escassez hídrica, que passou a valer em setembro deste ano, causa um aumento de 6,78% na tarifa média dos consumidores de energia, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Para Bento Albuquerque, é preciso esperar o volume de chuvas nos próximos meses, já que a retirada da bandeira tarifária dependeria da evolução da situação hídrica no Brasil. “Mantivemos as mesmas medidas para a garantia do fornecimento de energias para os consumidores”, disse o ministro depois da reunião realizada na última sexta-feira, dia 15, pela Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (CREG).
A CREG é uma espécie de comitê de crise que foi criada por meio da Medida Provisória 1.055/2021, que é presidida pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e conta com a participação dos ministros da Economia, Paulo Guedes; da Infraestrutura, Tarcísio Gomes; do Desenvolvimento Regional, Rogerio Marinho; do Meio Ambiente, Joaquim Pereira; e da Agricultura, Teresa Cristina.
A opção por aumentar os valores da conta de luz é a alternativa adotada pelo governo para diminuir o risco de racionamento e apagões, já que uma série de erros de gestão foram convergindo para a crise hídrica que vivenciamos hoje, mesmo morando em um dos países com maior potencial hidroelétrico do mundo. Entre as causas da crise hídrica podemos citar o desmatamento da floresta amazônica e do cerrado e a péssima gestão do governo Bolsonaro para lidar com a estiagem, que ao tentar tratar do problema quando já é tarde demais, fica com poucas alternativas.
Aliás, o Ministério de Minas e Energia parece estar realmente desesperado e com poucas alternativas, pois chegou a receber em reunião virtual um médium que, ao incorporar o Cacique Cobra Coral, dizia poder fazer chover e afastar a crise hídrica.