Bufês do RU vazios, enquanto a fila está enorme. Foto: UFSC à Esquerda.

[Opinião] A catraca é o gargalo do RU

Júlia Vendrami – Redação UFSC à Esquerda – 27/04/2022

Na noite de ontem (26/04) as filas do Restaurante Universitário da UFSC estavam enormes. Às 17 e pouco a fila da entrada da frente, para a janta, estava no varandão do CCE. Conjecturo que talvez algumas pessoas nem tenham conseguido almoçar e por isso estejam indo jantar em um horário no qual antes da pandemia não havia filas tão grandes.

Depois de ter que agendar horário com antecedência, esperar em uma fila imensa e finalmente chegar à entrada do RU, vejo que a entrada está sendo somente por uma catraca. O funcionário terceirizado fica em cima dela, pegando o passe de cada um e verificando se o cartão passa na catraca. O cartão de alguém na minha frente não passa, a pessoa tenta novamente, nada. Ela afirma que agendou, pega o celular para mostrar o agendamento, o funcionário diz que tudo bem e passa o cartão dele na catraca para liberar o acesso.

Passo meu cartão na catraca e também consigo entrar no RU. Incrivelmente, mesmo com toda a fila, os bufês estão praticamente vazios. Aquela cena que era comum antes da pandemia, onde as pessoas formavam filas depois da entrega dos passes e antes do bufês, não existe mais. 

Bufês na noite de ontem, enquanto havia uma fila lá fora. Foto: UFSC à Esquerda

A catraca virou o gargalo do RU. Não importa quantos bufês e distribuição de marmitas existam dentro do restaurante, se a entrada for burocratizada, demorada e incompatível com a quantidade de pessoas que acessam o restaurante, as filas sempre serão enormes.

Nessas últimas semanas parece que há ainda mais pessoas circulando na universidade e se alimentando no RU do que havia antes da pandemia. Além disso, a alta dos alimentos tem pesado no bolso da classe trabalhadora e pode estar fazendo cada vez mais gente depender do RU para poder se alimentar. Tudo isso pode estar contribuindo para o tamanho das filas que temos visto e, por tanto, é nítido que o RU da UFSC precisa de uma ampliação.

Porém, existe uma medida que pode ser tomada imediatamente para diminuir as filas, que é o fim da política de agendamento e do uso da catraca para verificar se cada pessoa agendou ou não a sua refeição. Além de ser uma forma de controle absurda, está causando um aumento desproporcional da fila do RU, que poderia ser menor se não houvesse o gargalo logístico da demora na catraca.

A reitoria faz um terror psicológico: Agende sua refeição! Vá cedo! Evite conversar! Permaneça  no máximo meia hora dentro do restaurante! Como se a responsabilidade pela fila fosse das pessoas que vão almoçar e jantar, mas não é.

Existem inúmeros outros problemas nessa forma de funcionamento do RU, como a função policialesca que é imposta aos funcionários terceirizados, o controle das informações não só de quantas pessoas estão comendo no RU, mas também quem são essas pessoas, entre outros pontos que foram abordados em texto anterior neste jornal.

Leia também: [Opinião] O novo agendamento do RU e o caos diário imposto na vida dos estudantes

Está na hora do pró-reitor de assuntos estudantis, Pedro Manique Barreto, e da diretora do RU, Maria das Graças Martins, perceberem que a política de agendamento está sendo um estorvo para os estudantes e não está contribuindo para melhorar o serviço em nenhum aspecto. É hora da reitoria dar ouvidos aos estudantes e acabar com a política de agendamento e com a catraca na entrada do RU. É hora de os estudantes se revoltarem e exigirem o fim das catracas e agendamento!

*O texto é de inteira responsabilidade da autora e não reflete, necessariamente, a posição do Jornal.

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