Imagens e vídeos: SINTRASEM
Mariana Nascimento* – Redação UFSC à Esquerda
Na tarde de ontem, os trabalhadores do município de Florianópolis reunidos em assembleia votaram por greve por tempo indeterminado, a qual teve início às 00h de hoje, 15 de junho. Hoje o UFSC à Esquerda entrevistou Artur Gomes, professor do município e membro do comando de greve. Artur relata que estiveram na assembleia ontem mais de quatro mil servidores do município.
A categoria estava há mais de um mês tentando negociar com a prefeitura e em estado de greve há dias. As pautas reivindicam reposição das perdas inflacionárias e o cumprimento dos planos de carreira, valorização e respeito ao serviço público contra as terceirizações por mais concursos públicos no município, defesa da previdência pública e fim do assédio aos trabalhadores.
É possível conferir todos os detalhes da pauta no Jornal da data base de 2022 elaborado pelo Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Florianópolis (Sintrasem). Ao final desta notícia também reproduzimos alguns materiais do sindicato.
Sobre a adesão dos trabalhadores, Artur aponta que cerca de 70% da categoria entrou em greve imediatamente:
“A unidade que eu trabalho hoje amanheceu fechada, assim como várias unidades de educação infantil, assistência social, os CRAS, as unidades básicas de saúde também já amanheceram fechados. A greve está forte em todos os setores e a tendência é que cresça”.
Alguns pontos da rede municipal necessitam de um planejamento para aderir a greve e a expectativa é que entrem na sexta-feira (17/06) ou na próxima segunda-feira (20/06):
“Algumas escolas fazem o retorno do que foi discutido e decidido em assembleia nos locais de trabalho e conversam com as famílias das crianças para aderir à greve nas escolas. Esses primeiros dias de greve são assim, mas começou bem forte!”
Hoje os trabalhadores se organizaram a partir da assembleia:
“A (assembleia) de hoje foi um bate-papo sobre as possibilidades e para verificar se haveria alguma resposta da prefeitura, que não veio. Por enquanto a prefeitura oferece apenas 3% de reajuste inflacionário que é a proposta que trouxeram desde sexta-feira passada. Mas isso é uma resposta que estamos avaliando como um deboche da prefeitura, pois a prefeitura tem muito caixa, só esse ano subiu em 20% a arrecadação em relação ao ano passado. Um dos pontos principais é a questão salarial, hoje as auxiliares de sala, por exemplo, recebem um salário de apenas R$ 1800,00 com um trabalho de 30h nas creches”.
Sobre a assembleia de hoje ainda, Artur Gomes relata que houve tentativa de intimidação dos trabalhadores:
“O secretário da segurança pública do município de Florianópolis estava assistindo e coagindo os servidores, produzindo filmagens de quem estava na assembleia. Então já está tendo uma pressão da prefeitura, algumas ameaças e perseguições. A gente tem respondido a esses absurdos. Agora, após a assembleia, nós vamos fazer uma panfletagem e tentar dialogar com a população. Outros grupos vão até os que ainda não aderiram à greve para aumentar o movimento”.
Artur ainda relatou que o prefeito Topázio, vice que assumiu o cargo após Gean Loureiro deixar o cargo para concorrer ao Governo do Estado nas próximas eleições em outubro, disse que estamos em final de ano letivo e os professores não deveriam entrar em greve. Ou seja, além do descaso com os servidores, com a carreira docente, o prefeito da cidade parece não saber como funciona a educação municipal, o que denuncia seu descaso também pelos estudantes que frequentam a educação básica do município.
A luta dos trabalhadores da prefeitura é justa e impacta em toda população da cidade, pois denuncia as condições de vida de toda a classe que vive e trabalha em Florianópolis ou nas cidades próximas. Dia após dia percebemos os preços subirem e os salários não acompanham, além de Florianópolis ser a segunda capital com cesta básica mais cara do país, perdendo apenas para a capital paulista segundo levantamento do DIEESE de maio de 2022, a especulação imobiliária avança e o preço dos aluguéis alcançam preços inimagináveis.
Inclusive a alta nos preços dos aluguéis é vivenciada pela comunidade universitária, está cada vez mais difícil se manter morando próximo ao campus da UFSC e/ou UDESC. Estudantes de graduação, pós-graduação e até mesmo os TAEs são cada vez mais expulsos do entorno do campus ou são forçados a dividir casas e apartamentos nas chamadas repúblicas. Qualquer quitinete custa hoje quase a totalidade de um salário mínimo (R$ 1212,00), quando não mais!
Defender a universidade e a educação passa também pela defesa dos mecanismos que proporcionam condições dignas de vida, trabalho, estudo, moradia, alimentação e acesso aos direitos. Todo apoio ao SIntrasem que representa os trabalhadores da prefeitura de Florianópolis e travam uma luta que reflete na vida de todos da cidade e seu entorno.
*O texto é de inteira responsabilidade da autora e pode não refletir a opinião do jornal.