4a temporada Circulação da Balbúrdia
4a temporada Circulação da Balbúrdia

Circulação da Balbúrdia debate o modelo educativo plurinacional boliviano

Mariana Nascimento – redação Universidade à Esquerda

No mês de julho, a Escola de Formação Política da Classe Trabalhadora – Vânia Bambirra (EFOP) realizará o terceiro encontro da quarta temporada do Çirculação da Balbúrdia. A escola receberá Thiago Matias Araújo para debater o modelo educativo plurinacional boliviano, a partir da produção “O  modelo educativo plurinacional: educação curricular na Bolívia”, o artigo a ser debatido e a tese que ele é derivado estão disponíveis na biblioteca da EFOP. O evento acontecerá na quinta-feira (21/07) às 19h, para participar do debate na sala online, acesse o site da EFoP, inscreva-se! O evento será também transmitido para o canal do YouTube da EFOP Vânia Bambirra

Thiago Araújo é pesquisador vinculado aos grupos  pesquisa História, Sociedade e Educação no Brasil (HISTEDBR/UFSCar) e Grupo de Extensão e Pesquisa em Direito, Marxismo e América Latina (GEDIC/UFERSA) e debruça-se sobre os temas Fundamentos da Educação, Marxismo e Educação e América Latina. Atualmente é Pedagogo da Assessoria Acadêmica e do Núcleo Interdisciplinar de Suporte ao Estudante do Centro de Tecnologia da UFRN – NISE/CT. 

Em um contexto de avanços nas políticas neoliberais nas décadas de 1970, 1980 e 1990, ligadas ao imperialismo estadunidense, a Bolívia passava, no final do século XX por enormes crises entre as classes subalternas e as classes dominantes. Este processo faz gestar uma grande organização das lutas e politização das camadas populares, resultando em massivas manifestações e organização política envolvendo os povos indígenas, camponeses e trabalhadores. Em outubro de 2003, o então presidente Gonzalo Sánchez de Lozada renuncia ao cargo e foge de helicóptero do palácio presidencial. Seu vice, Carlos Mesa assume o cargo e em pouco tempo também renuncia,  convocando novas eleições.

Então, em 2005, Evo Morales e Álvaro Garcia Linera se tornam presidente e vice-presidente, respectivamente, com 53,7% dos votos pelo Movimiento al Socialismo – Instrumento Político por la Soberanía de los Pueblos (MAS-IPSP). Tendo como primeiro passo a nacionalização dos recursos naturais, visando alterar a matriz produtiva do país e o controle dos setores estratégicos da economia e, em seguida, a convocação da Constituinte, tendo a “ tarefa de reorganizar a máquina pública historicamente racista, estruturada desde sua fundação contra a maioria populacional boliviana” (ARAÚJO T. e JÚNIOR, A. 2021, p. 06).

Junto a reforma estatal, dá-se no período as  bases da reorganização da educação no país a partir de então, a qual ficou conhecida como Revolução Educativa do Estado Plurinacional da Bolívia, a partir da implementação da Ley Avelino Siñani – Elizardo Pérez (ASEP) em 2010, Dez anos mais tarde a promulgação da ASEP, em 2020, é possível aferir que a Bolívia é um país livre do analfabetismo. Além de que até 2018, “já haviam sido criados os Institutos de Lengua y Cultura Aymara, Quechua, do Pueblo Afroboliviano, Guaraní, Tsiman, do Pueblo Movima, Mojeño Ignaciano, Chiquitano, Itonama, Tacana, Machineri, do Pueblo Yaminawa, Moré, Cavineño, do Pueblo Mojeño Trinitário, Guarayo, Tapiete, da Nación Uru, do Pueblo Ese Ejja, Mosetén, Yuracaré, do Pueblo Sirionó, do Pueblo Auoreo, do Pueblo Baure, Leco, Chácobo, do Pueblo Canichana, do Pueblo Weenhayek, do Pueblo Maropa, e, finalmente, da Nación Bia Yuqui, resultando em sistematização e publicação dos alfabetos desses diversos povos e nações, além da organização de material escolar específico nessas línguas e desenvolvimento de 18 currículos regionalizados”.

Para aprofundar acerca dos momentos anteriores que alicerçaram a implementação do Estado plurinacional e seu modelo educativo, bem como analisar as repercussões deste processo, a EFOP-Vânia Bambirra convida Thiago Araújo para apresentar sua pesquisa e produção sobre o tema no próximo Circulação da Balbúrdia. 

O Circulação da Balbúrdia é um espaço voltado para divulgação da produção científica crítica realizada nas universidades públicas, que foram veementemente atacadas pelo ex-ministro da educação, Abraham Weintraub. A Escola de Formação Política da Classe Trabalhadora – EFOP promove esse espaço como mais uma forma de disputar o sentido das universidades públicas e permitir que pesquisadores apresentem e discutam suas teses e dissertações com quem vier a se interessar pelo objeto desenvolvido ao longo de sua trajetória de formação e investigação científica.

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REFERÊNCIA:

ARAÚJO T. e JÚNIOR, A. 2021. Germinal: Marxismo e Educação em Debate, Salvador, v. 11, n. 3, p. 87-108, dez. 2021. Disponível em: https://doi.org/10.9771/gmed.v13i3.46739

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