Imagem: montagem UFSC à Esquerda.
Luísa Nunes Estácio e Daniella Pichetti – Redação UFSC à Esquerda – 19/10/2022
Ontem (18/10) foi o dia nacional das mobilizações contra os cortes na educação e em Florianópolis a concentração iniciou a partir das 16h no Largo da Alfândega. Na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), na Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC) e no Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) ocorreram diversas atividades de agitação e preparação para o ato desde o início do dia. Estudantes de todo o país ocuparam as ruas com gritos, cartazes, batucaço e expressaram a revolta contra os bloqueios orçamentários, reivindicando a recomposição do orçamento e pelo Fora Bolsonaro.
Leia também: Bolsonaro e os cortes na educação superior: (I), (II), (III), (IV), (V).
Na UFSC, os estudantes realizaram barricadas para garantir a paralisação e fizeram arrastão pelos centros de ensino convocando a comunidade acadêmica para compor o ato. Alguns registros das atividades podem ser acessados aqui. No câmpus, os efeitos do sequestro de verbas da educação se faz sentir cotidianamente e em anúncio recente da reitoria foi apresentado pela Secretaria de Planejamento e Orçamento (Seplan) que mesmo com ajustes e sem pagar as contas de água e luz, até o final do ano faltará 5 milhões de reais.
Diante do anúncio do Governo Bolsonaro de mais um confisco de 1.059 bilhão de reais na Educação, diversas universidades declararam que tal contingenciamento inviabilizaria o funcionamento das instituições. A União Nacional dos Estudantes (UNE) convocou entidades estudantis a realizarem assembleias e chamou para um ato nacional unificado para o dia 18 de outubro. Em algumas universidades, a reação contra o novo confisco foi imediata, como na Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Também nos Institutos Federais da Bahia, do Distrito Federal e Pernambuco – campus Recife, no Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET) de Minas Gerais – campus Belo Horizonte, na Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e na Universidade Federal do Ceará (UFC) os estudantes manifestaram-se contra os cortes. A força e a rápida reação dos movimentos estudantis de todo o país fizeram com que o governo recuasse nesse confisco, no entanto não há garantias da dimensão dessa reversão, e as universidades e institutos já atravessam grave problemas com cortes dramáticos no orçamento desde 2014.
Incêndios e perdas irreversíveis do patrimônio científico, demissão em massa de trabalhadores terceirizados, precarização do trabalho docente e políticas de “contratação zero”, imposição do ensino remoto, fechamento de cursos e pós-graduações e deterioração da infraestrutura das instituições de ensino superior são apenas algumas expressões do desmonte dos bloqueios orçamentários e consequente desmonte da educação pública, projeto que segue em curso e se intensificou com o governo Bolsonaro.
O ato teve início às 16h e já reunia, nesse horário, diversos estudantes:
Pedimos o depoimento de alguns estudantes que estavam presentes no ato para relatar um pouco mais sobre as atividades que ocorreram no dia 18 e a importância de ocupar as ruas.
Os estudantes João e Guilherme, e a estudante Rita, relataram como foi esse momento de mobilização na UFSC e a importância do ato do dia 18 de outubro:
Rodrigo, engenheiro sanitarista e estudante da Pós-Graduação, deu um depoimento sobre o impacto dos cortes também na saúde indígena:
“Hoje eu estou aqui no centro de mobilizando contra os cortes nas universidades públicas, mas principalmente me mobilizando àquilo que em detrimento que me tange na minha pesquisa. Eu sou engenheiro sanitarista e trabalho com saneamento e territórios indígenas. E essa postura de austeridade fiscal que começou com o teto de gastos, Emenda Constitucional 95, também atrapalha a saúde indígena e o saneamento. O saneamento nos territórios indígenas é promovido pelo SUS, pelo Ministério e pela SESAI [Secretaria Especial de Saúde Indígena], um órgão do SUS. O teto de cortes nas universidades além de estar interferindo na minha condição acadêmica, os cortes inviabilizam qualquer progresso e a qualidade de vida dos povos tradicionais.”
Após falas no caminhão de algumas entidades sindicais e militantes de partidos políticos sobre a importância de ocupar as ruas, o ato saiu do largo da alfândega em direção à avenida Mauro Ramos. Entidades e representantes dos movimentos sociais abordaram a importância de vencer Bolsonaro nas urnas, eleger Lula e de seguir ocupando as ruas independente de qual candidato aceder à presidência. Confira aqui.
Ontem, no dia de lutas nas ruas, lançamos um editorial no jornal Universidade à Esquerda com a posição do jornal neste segundo turno. Confira o Editorial: Eleger Lula e ter a coragem de enfrentar o bolsonarismo.
Com a participação de aproximadamente 1.500 pessoas durante todo o trajeto, a mobilização seguiu agitada batucando e cantando durante todo o trajeto, seguindo pela Hercílio Luz, até a sua finalização na catedral. Mesmo debaixo de chuva, os manifestantes demonstraram disposição e vigor para sustentar o ato e expressar a revolta diante do projeto de destruição da Educação que está em curso.
As mobilizações e atividades estudantis seguem ocorrendo. A Associação de Pós-Graduandos (APG) realizará, amanhã (20/10), uma assembleia estudantil da pós-graduação, às 18h, no hall do Centro de Convivência da UFSC, que terá como pautas os cortes orçamentários e o ensino remoto na pós. A assembleia será a primeira presencial após o retorno das aulas, de forma que será um espaço importante que seguirá discutindo os cortes na universidade e seus impactos, e o que significa para a universidade aderir permanentemente uma modalidade de ensino como essa. Amanhã também irá ocorrer uma Assembleia estudantil no curso de Biblioteconomia da UFSC, às 20h, no hall do bloco A do CED, com a seguinte pauta: posicionamento dos estudantes do curso de biblioteconomia sobre a situação da secretaria do curso, e falta de infraestrutura no CED.
Além disso, nesta sexta-feira (21/10), no auditório Garapuvu no Centro de Eventos, ocorrerá uma sessão extraordinária do Conselho Universitário (CUn) onde será apresentado o panorama orçamentário da UFSC. A sessão será aberta à comunidade e começará às 14h.
O Jornal UFSC à Esquerda seguirá acompanhando as mobilizações estudantis e construindo os atos em defesa da ciência, da educação pública e das universidades!