[Opinião] STF divulga áudio em que Temer negocia com JBS

Marcos Aurélio Meira para UàE – 18/05/2017

O STF liberou o áudio no qual Michel Temer recebe no Palácio Jaburu, Joesley Batista, da JBS Foods (parte da holding J&F). O UFSC à Esquerda (UàE) analisou a gravação e constatou a gravidade das acusações que pesam sobre a presidência da República. Em alguns momentos através de mensagens cifradas e, algumas vezes, mais francamente, ambos dialogam sobre as políticas econômicas, sobre as delações premiadas, sobre a presidência do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), favores políticos e o silêncio de Eduardo Cunha.

A corrupção no Brasil não é um vício de governos ou da classe política, mas parte constitutiva do regime político. Articula há um só tempo a dinâmica do empresariado brasileiro e de seus agentes no Estado. Esta evidência é apenas mais uma que se soma no rol de descaramentos e despudores da classe dominante brasileira. A nação é para estes senhores não mais do que um serviço de balcão. Não se trata do mero parasitismo, mas da desavergonhada sanha do empresariado brasileiro, que se mascara de “empreendedorismo” e arromba os cofres públicos com vantagens, assaltos e toda ordem de corrupção.

O Judiciário brasileiro é cúmplice desta catástrofe política e moral. Ao celebrar acordos de leniência com grandes corporações como a JBS, permitindo, inclusive, que ela transfira suas propriedades para os Estados Unidos, a Justiça atua como cúmplice do assalto aos trabalhadores desse país. Nada menos que a apropriação de todas as propriedades e capitais sob controle das empresas corruptoras deveria ser aceitável, as empresas que arrombam o Estado brasileiro podem e devem ser estatizadas, para que restituam aos cofres públicos os dividendos que tomaram e devolvam ao país algum estatuto de dignidade.

Nenhuma surpresa sobre Michel Temer, todos sabemos – com maior ou menos franqueza – que o golpe perpetrado contra a presidenta Dilma Rousseff teve como única serventia apressar as reformas que o PT apenas esboçava e colocar uma pá de cal nas investigações que avançavam. O impedimento do presidente está muito abaixo do que a nação precisa. Para curar a nação, será preciso remover a corja inteira. É preciso dissolver o Congresso Nacional, extinguir o Senado e instaurar um tribunal popular que julgue os crimes de políticos e empresários no assalto ao Estado brasileiro.

Nada menos que isso pode ser aceitável. Nada menos.

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