Luiz Costa – Redação UàE – 13/10/2017
A direita expôs suas entranhas por completo: as chapas liberais candidatas na eleição à gestão DCE-2017/2018 são a favor do poder policial que mata todo dia e que, recentemente, acometeu a comunidade acadêmica com uma tragédia.
As chapas 3 (zero) e 4 (pense diferente) defenderam, na última eleição ao DCE-UFSC, a atuação da Polícia Militar no interior da universidade. A chapa 3, em especial, informou ter se reunido com o Comando Geral da Polícia Militar a fim de construir um convênio entre a UFSC e a PM para que haja patrulhamento ostensivo da polícia dentro do campus.
No entanto, esse cobiçado arranjo entre o poder policial e a universidade brasileira há anos se mostra inconcebível. Todas as recentes experiências são trágicas e têm demonstrado que a polícia não sabe entrar na universidade. Lembrem-se: no Levante do Bosque, em 2014, além de ser violentamente atacados, estudantes, professores e TAEs foram incriminados arbitrariamente e sem nenhum critério. Infelizmente, há poucos dias uma nova catástrofe nos hostilizou: o que começou com a prisão desnecessária e violenta do reitor e de outros professores resultou no pior possível.
Recorte do programa da chapa 3 (zero).
Velados pelo slogan contra a insegurança e corrupção, Chapa Zero, MBL, EPL e companhia brandam por punição, cadeia, dor e tortura.
A chapa de extrema direita ainda teve a audácia, durante a campanha, de considerar como autoritário e injusto o processo de impugnação do ano passado. Em junho do ano passado, membros da Chapa Zero divulgaram uma foto “da reunião da chapa” que incitava a violência contra estudantes de oposição às ideias da chapa. Por ser uma postura contra o regimento eleitoral DCE-2016, a chapa foi impugnada por unanimidade pelo Conselho de Entidades de Base. O discurso de ódio e incitação a violência, apesar de ter sido barrado ano passado, continuou presente nesta chapa neste ano, a única diferença é que foram mais discretos.
Foto divulgada pela Chapa Zero durante a campanha do DCE-2016.
Essa chapa obteve, por consequência do segundo lugar nas eleições deste ano, cadeiras representativas no Conselho Universitário e nas câmaras de Graduação, Pesquisa e Extensão da Universidade.
É inadmissível, porém, corroborar com esse poder policial que tanto é justificado pela direita. Esse discurso reitera o aprisionamento em massa da juventude pobre e negra brasileira cuja maioria absoluta está encarcerada por crimes que não atentam contra a vida, não envolvem violência ou armas e, na maioria dos casos, estão relacionados com a necessidade de sobrevivência.
Essa lembrança deve permanecer viva: a universidade não pode mais ficar à mercê do desdém desse pensamento insano e podre.
Leia também: