Por Maria Alice de Carvalho – UàE – 13/10/2017
Em 2014, estudantes, professores e técnicos da UFSC são abordados pela polícia dentro da universidade e posteriormente perseguidos; em 2016, estudantes os quais ocupam a UFSC contra a PEC 55 sofrem ameaças de que a qualquer momento a polícia poderia adentrar a universidade e retirá-los à força fazendo uso de violência; em 2017, a polícia entra na UFSC para realizar a prisão do atual reitor e de outros seis professores – e o resultado é trágico.
Esses são apenas três dos milhares de exemplos que ilustram um fato que já viemos defendendo há anos: em todos os momentos em que a polícia entra no campus universitário o resultado é inevitavelmente trágico.
A saída da polícia das universidades foi uma das mais importantes exigências e conquistas do Movimento Estudantil, o qual decorrente da violência extrema da qual foi vítima durante o período de Ditadura Militar, carregou esta pauta com garra colocando em evidência o quanto era massacrado pela repressão policial; defendendo seus presos e mortos políticos. Hoje na UFSC e em outras universidades brasileiras vemos essa conquista da esquerda sendo atacada pelos projetos de vida da direita universitária, projetos estes que visam alcançar a segurança da universidade – como se esta se descolasse da segurança da comunidade ao seu redor – através do policiamento e do punitivismo civil.
Reuniões com a Polícia Militar para a consolidação de convênios; criminalização de estudantes, professores e técnicos; presença constante da polícia em frente à reitoria; portões e cancelas como medida de segurança; são esses os projetos de direita para a segurança e proteção da comunidade universitária; um projeto de controle desta comunidade e de impedimento da que poderia frequentar esse espaço.
Projetos como estes permitem que ainda hoje os exemplos trazidos no início deste texto possam ser possíveis na nossa realidade, seja esta realidade passada, presente ou futura.
O poder da Polícia Militar é o poder de um Estado burguês; dentro do sistema capitalista, o estado possui um papel de servir uma classe burguesa que manipula as diferentes segmentações do estado para se manter no seu local de favorecimento e de domínio das outras classes da sociedade; o poder policial decide quem pune e quem é punido tendo como plano de fundo não a segurança pública ou a proteção dos cidadãos, mas sim a defesa dos interesses de uma classe que é capaz de atos desumanos e sanguinários para a defesa de seus projetos.