Thiago Zandoná – Redação UàE – 29/11/2017
O Centro Acadêmico Livre de Ciências Sociais (CALCS) lançou segunda-feira (27) um manifesto pela ampliação da democracia no curso, em especial, no que tange a eleição da coordenação do curso. A pauta é fruto de debates que o CA vem realizando que apontam a importância de vivenciar a democracia nas escolhas do próprio curso e não se limitar a discutir o assunto apenas na sala de aula. Os membros do CALCS estão realizando conversa com os estudantes, professores e técnicos do curso e coletando assinatura em um abaixo-assinado para usar como ferramenta na discussão do próximo conselho que será chamado para segunda-feira (4). Amanhã, quinta-feira, haverá uma roda de conversa para discutir o tema mais amplamente. A coordenação do curso de Ciências Sociais abrange tanto o departamento de Antropologia como o de Sociologia Política. Atualmente, a eleição para o cargo de coordenador acontece a cada dois anos através de eleição no colegiado do curso, onde apenas dois representantes discentes têm direito a voto. Por conta da pequena parcela de representantes estudantis no colegiado, apenas um quinto, para Leandro Oliveira, membro do CALCS, “independente se os dois presentantes concordem ou não com a maneira que é feita a consulta ou com os candidatos que estão participando da consulta, a voz deles é praticamente nula”. O CALCS defende que o debate sobre as eleições se estenda para os demais membros do curso, pois acredita que estes cargos estão longe de serem meramente administrativos, afinal o coordenador e chefe de departamento estão em todos os colegiados referentes ao curso, desde Conselho de Unidade do Centro, até câmara de ensino, pesquisa, graduação e etc. Segundo o Leandro, o mais importante “é o fato dessas pessoas em nenhum momento chamarem conversa com os estudantes para estar discutindo o que eles pensam sobre o que é a função de um coordenador de curso e o que essa coordenação pode fazer para melhorar o curso nesses próximos dois anos”. Por conta disso, argumenta Leandro, esses cargos perdem parte do papel político, pois “as discussões primordiais do curso acabam sendo esquecidas, a gente raramente para para discutir alguma coisa que tem realmente valor para quem está se formando ou para quem trabalha no curso… e acaba se tomando decisões de cima para baixo”. O objetivo desse manifesto é “tentar trazer essa discussão da base para o resto do curso (…) é uma discussão que a gente já tem o acumulo das outras gestões do CA”, afirma Leandro. Leandro relata que há dois anos houve essa discussão, mas as eleições acabaram ocorrendo nas férias, quando os estudantes não estão na cidade. Ele enfatiza que “é importante estar participando deste processo da forma mais democrática possível, porque dois representante dentro de um órgão colegiado… eles podem ter direito a voz, direito a voto, mas eles não conseguem expressar nem contribuir para uma prática mais democrática simplesmente dentro desse espaço”. A ideia do CALCS é que essa discussão não cesse com o desfecho desse assunto, mas que seja possível começar um movimento por mais democracia em diversos cursos. O CA pretende solicitar uma reunião do colegiado de curso extraordinário para segunda-feira (4), antes da reunião que decidirá o coordenador, para pedir a alteração da maneira que se faz a escolha do coordenador de curso. O CALCS espera que a consulta seja feitas ano que vem, quando voltar as aulas, afinal não basta apenas consultar as três categorias que compõem o curso, é preciso que haja o debate político. Leandro afirma que “ganhando essa batalha, a gente leva essa discussão para outro patamar, a gente leva essa discussão a um nível de uma conquista estudantil que possa se permear pelos próximos anos. E para além disso, tentando construir uma cultura mais democrática no curso, as atividades do semestre que vem devem estar permeadas pelo debate sobre a democracia”. Além disso, o CALCS acredita que este é apenas o primeiro passo para uma disputa a participação na eleição de cargos que atualmente não são eleitos democraticamente. Leandro ressalta que nas Ciências Sociais, assim como na universidade como um todo, “as pessoas não tem o entendimento sobre qual a importância desses cargos e de estar disputando programaticamente as funções que esse cargo vai exercer”, afinal, complementa ele, “tão importante quanto construir uma cultura democrática no curso que se amplie, tem o lado também de que projetos esse curso estará defendendo”. Ele questiona porque não há uma discussão prévia com os estudantes sobre a mudança do currículo de curso para depois fazer uma reforma curricular. Além de que, a discussão deste assunto abre o campo para conseguir discutir outros assuntos que permeia o curso. Essa pauta afeta diversos outros assuntos, inclusive o debate sobre a reforma do currículo do curso, pois, para Leandro, “essa discussão pode voltar de uma maneira muito mais benéfica para os estudantes, se a gente tiver uma coordenação de curso nos próximos dois anos e tiver uma consulta que possa ouvir os estudantes a respeito dessa pauta onde a escolha desse novo currículo seja uma escolha realmente adequada às necessidades dos estudantes do curso, adequada a comunidade das ciências sociais, adequada às funções sociais dentro da universidade”. “Quando a gente começa uma luta que parece de formiguinha por uma ampliação dentro de um curso, a gente pode ampliar ela para os demais cursos e demais órgãos (…) quem sabe, as decisões da universidade não fiquem fechadas nela mesmo, que a comunidade envolta da universidade possa estar participando das decisões e usufruindo do que a universidade produz aqui dentro”, conclui o estudante. De acordo com o manifesto, “o CA de Ciências Sociais se coloca a frente dessa luta e convida todos os estudantes e demais membros da comunidade universitária a lutarem por essa causa”. ]]>