[Opinião] O que as abstenções no primeiro turno da consulta para Reitor podem nos dizer?

Luiz Costa – Redação UàE – 04/04/2018

A fim de eleger o próximo Reitor da UFSC, a comunidade universitária foi às urnas na quarta-feira da semana passada (28) expressar sua posição. Com uma votação apertada, Irineu e Ubaldo, com 34 e 33,7% dos votos respectivamente, disputarão o pleito no segundo turno, que acontece na próxima quarta-feira (11). A adesão dos estudantes, entretanto, foi significativamente baixa, contanto com apenas ⅓ de um total de 34.648 discentes aptos a votar.

No Centro de Ciências Físicas e Matemáticas (CFM) e no Centro de Ciências Biológicas (CCB) foi registrada a menor adesão dos estudantes, onde menos de 17% estiveram presentes na consulta. Enquanto nos campus de Joinville e Curitibanos, locais de maior participação estudantil, pouco mais de 40% esteve nas urnas. Em contrapartida, 77,6% dos docentes e 70,7% dos técnicos administrativos em educação votaram na semana passada.

Por um lado, a falta de envolvimento da comunidade universitária no processo eleitoral que decide o cargo máximo de representação política e intelectual da UFSC revela a carência de consciência sobre a magnitude que esse processo tem para o futuro da universidade. Universidade que cumpre um significativo papel social: se trata da maior instituição responsável pelo desenvolvimento de conhecimento em Santa Catarina. Afinal, as universidades estão, mais do que nunca, ameaçadas, através do estrangulamento de recursos, de cumprir com vigor o papel que lhe é destinado socialmente.

A crise instaurada no país e intensificada pelos ataques à classe trabalhadora, acentua um modo de ser individual, isto é, um ‘modo de operar’ afastado das lutas conjuntas, do pensar coletivo. Muitos dos estudantes, atualmente, correm contra o tempo para se manter na universidade e conseguir, o quanto antes, se formar. Não vêem, com isso, sentido em direcionar suas energias para um processo que na imediatez da esfera individual pouco tem a contribuir.

Por isso, cabe à candidatura que vise propiciar uma resistência real perante o que está dado o ônus de provocar um avanço intelectual e moral no conjunto da universidade. Logicamente, isso não é esperado da candidatura que visa manter a comunidade alheia da atuação que direciona a universidade, como Ubaldo bem faz representando a velha política de imposição. Como reitor pró-tempore, Ubaldo já demonstrou a falta de compromisso efetivo com o diálogo na universidade, quando inaugurou o campus de Joinville sob a afirmação de que a UFSC escolheu um novo projeto institucional, ou seja, como se uma breve notícia informativa fosse uma decisão conjunta da Universidade. Como candidato a dar continuidade às articulações que nos alienam de qualquer possibilidade de opinião, Ubaldo não expõe nada de diferente se ausentando de debates entre os candidatos e reforça a falta de preparo e comprometimento em cumprir o papel de reflexão crítica e complexa a qual exige o cargo de Reitor.

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Esse desafio que está posto, de romper com a estagnação, não virá da ausência de debates públicos e de posições vacilantes e acomodadas que aceitam o que está dado como “mal necessário”, mesmo após os escândalos de corrupção que abalaram a UFSC no ano passado. É preciso, mais do que nunca, de um candidato firme e com convicções políticas à altura do cargo.

Perante os acontecimentos que abalaram nossa universidade e os desafios impostos diante dos cortes no orçamento da educação, da ciência e da tecnologia, se faz necessário e urgente sair ativamente em defesa da Universidade. Daqui uma semana um passo importante será dado para o futura da universidade, onde iremos novamente às urnas para decidir entre manter o conformismo ou revigorar intelectualmente os rumos da UFSC.

 

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