Lara Albuquerque – Redação UàE – 11/09/2018
No último dia 03 de setembro, estudantes da Universidade Autônoma do México realizaram uma manifestação pacífica contra recentes casos de feminicídios envolvendo estudantes da universidade. A manifestação sofreu ataques de setores reacionários, grupos porristas, ferindo os estudantes, alguns em estado grave inclusive.
O fato desencadeou um levante estudantil que, organizados, realizaram uma série de assembleias e manifestações desde semana passada. No último dia cinco, uma marcha histórica reuniu centena de milhares de manifestantes reunidos contra a violência, pela liberdade de expressão, defesa da educação pública e gratuita. Setores da universidade pararam suas atividades para somar o apoio às manifestações que são massivamente apoiadas pela comunidade universitária.
Na página da Direção de Comunicações da Universidade fora publicadas mensagens do Reitor da Universidade, Enrique Graur Wiechers, expressando repúdio contra os ataques violentos aos estudantes, as diretoras e diretores também declaram sua condenação aos provocadores. Na tarde de hoje o reitor declara que continua demandando justiça à comunidade universitária.
Os estudantes marcaram os atos relembrando os quase 50 anos do Massacre de Tlatelolco, ocorridos em outubro de 1968, onde o movimento estudantil sofreu forte repressão do governo mexicano, quando tiros do Exército e policiais a paisana foram disparados contra a manifestação realizada um dia antes da abertura dos Jogos Olímpicos no México. Cinquenta anos depois ninguém foi responsabilizado pelo tiroteio e até hoje não se tem confirmado quantos mortos naquele dia, os números variam desde cerca de 30 até mais de 325 vítimas. Os estudantes mantém viva a memória de impunidade sobre os ataques aos movimentos que marcam sua história.
Em assembleia, que reuniu mais de 60 representantes de diferentes instituições de educação, decidiram no próximo dia 13 farão uma marcha seguindo o mesmo caminho dos estudantes de 1968 e os eixos das reivindicações estudantis: investigação e punição dos responsáveis pelo ataque de 03 de setembro, maior segurança em relação aos grupos porris, educação pública gratuita e de qualidade, maior segurança às mulheres no interior da universidade vítimas frequentes de violências de gênero, democracia interna e transparência na prestação de contas da universidade.