Sereno Rodrigues* – Redação UàE – 28/12/2018 Novamente iremos provar o gosto amargo do aumento da tarifa dos transportes no início deste ano. Diferentemente dos outros anos, vemos uma completa desmobilização por parte dos partidos e movimentos sociais entorno desta pauta. Mesmo ciente de suas datas e com diversos elementos que apontassem para o aumento (relatórios patronais apontando queda na demanda em diversas capitais, inflação, aumento nos insumos dos ônibus…), testemunhamos uma verdadeira apatia da esquerda organizada na cidade. Leia também: Quem poderá acabar com a tarifa
Para esboçarmos a conjuntura atual dessa luta, é importante olharmos como foram as lutas contra o aumento no começo de 2018. De um lado, vimos a esquerda organizada e as entidades de representação, que tinham histórico de protagonismo nessas lutas como o DCE da UFSC, atuarem de forma apática na composição e atuação na Frente de Luta Pelo Transporte Público, agindo como se estas lutas tivessem se tornado uma espécie de tradição anual da esquerda onde ritualisticamente se compunha uma frente dos transportes, se chamavam atos e esperavam passivamente as próximas manifestações até esse “ciclo tradicional” se encerrar. De outro lado, vimos a atitude oportunista do Movimento Passe Livre(MPL) entrando nesse espaço apenas para sondar e dirigir a frente enquanto construía esta pauta por fora.
Entenda: A Frente de Luta pelo Transporte Público é um espaço comumente articulado em épocas de aumento da tarifa que reúne diversas organizações de esquerda (como partidos e movimentos sociais) assim como pessoas independentes que estejam interessadas em somar nesta luta.
Além disso, se faz necessário darmos um passo além do que a superficialidade deste cenário apresenta. Durante o decorrer dos anos de 2010, o debate sobre a importância do transporte público na vida dos trabalhadores foi se perdendo, a diminuição de espaços de formação contribuiu para que este debate se perdesse. Nesse sentido, a desarticulação do Movimento Passe Livre foi fundamental para a perda desse debate nos setores progressistas da cidade.
Ao tentar aparelhar a Frente do Transporte, o MPL abriu mão de qualquer possibilidade de democratização do acumulo do debate que possuía até então. Tanto as organizações quanto militantes independentes viram com desconfiança, e testemunharam o movimento atuando como um entrave no avanço das lutas.
No marasmo e apatia das organizações e movimentos sociais, se faz necessário a retomada do debate sobre o transporte público assim como recompor a Frente de Luta pelo Transporte enquanto um espaço de construção coletiva, que acolha e organize os trabalhadores em torno desta pauta.
Que 2019 seja o ano da retomada das lutas!! *O texto é de inteira responsabilidade do autor e pode não refletir a opinião do Jornal.
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