José Braga – Redação UàE – 12/04/2019
Nesta quinta-feira, 11 de abril, um golpe foi dado na escolha da reitoria para a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). Na reunião dos conselhos superiores da universidade (Conselho Universitário e Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão), que formam o colégio eleitoral, foi eleito reitor Ricardo Silva Cardoso que não concorreu na consulta realizada à comunidade.
Como é o costume democrático da maioria das universidade federais, a Unirio realizou neste domingo uma consulta à comunidade acadêmica. Nela o professor Leonardo Vilella de Castro obteve 2753 votos, sendo 214 de docentes, 367 de técnicos administrativos em educação, e 2172 de estudantes contra 904 votos obtidos pela professora Claudia Aiub, sendo 123 docentes, 110 técnicos e 671 estudantes. Com isso Leonardo obteve 72% dos votos válidos e Cláudia, 28%.
No entanto, na lista tríplice que será enviada à Presidência da República para nomeação do reitor, o colégio eleitoral definiu o seguinte: Ricardo Silva Cardoso, que não havia participado da consulta, em primeiro lugar com 65 votos dos conselheiros; Leonardo Vilella de Castro, em segundo com 52 votos e Claudia Aiub em terceiro com 20 votos.
Entenda: a escolha de Reitores e Vice nas universidades federais é regida pelo decreto Nº1916/96, que manteve a lógica da lei 5540/68, da ditadura empresarial-militar. Com isto os reitores e vice-reitores são escolhidos pelo Presidente da República, por meio de uma lista tríplice indicada pelo conselho superior da universidade que deve ser composto por 70% de docentes.
Entretanto, desde o fim da ditadura, tem sido o costume democrático das universidades realizar consultas à comunidade com pesos iguais para as diferentes categorias e segmentos, sendo seu resultado respeitado pelos conselhos e pela Presidência.
Que esta legislação não tenha sido derrubada até hoje não torna menos sério o golpe na Unirio. O que ocorreu ontem na Unirio é gravíssimo. O colégio eleitoral não se submeter a decisão da comunidade trata-se de uma ruptura com a mínima democracia estabelecida no interior das universidades.