NOTA DE REPÚDIO ÀS DECLARAÇÕES DO PRESIDENTE DA CAPES SOBRE A CARREIRA DOCENTE

O coletivo UFSC à esquerda declara seu veemente repúdio às declarações do presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Jorge Almeida Guimarães, ao informar que a CAPES está autorizada a criar uma Organização Social (OS) para contratar professores estrangeiros e jovens recém formados para o magistério superior público.
Repudiamos também a postura dos Ministros da Educação e da Ciência e Tecnologia, respectivamente José Henrique Paim e Clelio Campolina Diniz, pela postura arrogante e autoritária com a qual procuram articular na CAPES mais um desmonte nas universidades públicas.
Não é a primeira vez que professores estrangeiros e recém doutores são alvos do anseio de contratações precárias por esses Ministérios. Nas discussões do Projeto de Lei 7.200/2006, o Ministério da Educação já apontava para a contratação desses sujeitos através de contratos temporários pagos com bolsas. Há uma ofensiva contra as carreiras públicas na educação. Essa ofensiva articula o ideário neoliberal de que as formas de gestão públicas são “ineficientes”, “demoradas” e não selecionam “os melhores quadros”. O presidente da CAPES e os dois Ministros parecem esquecer convenientemente que, diferente dos professores do magistério superior público que prestam complexos concursos de provas e títulos, eles ocupam cargos designados por indicações políticas e nunca estiveram à altura da dignidade dos cargos que ocupam hoje – especialmente com a visão estreita de educação e de tecnologia que representam em propostas semelhantes.
Temos que alertar a comunidade acadêmica para o fato de que toda uma racionalidade foi criada , ao longo das décadas de 1990 e 2000, em torno do gerencialismo e da meritocracia no serviço público, que criou perigosos engodos. A carreira docente sofre uma ofensiva como essa num momento de passagem à hegemonia de uma nova ordem de racionalidade tecnocrática – claramente ultra pragmática e empresariada.
Consideramos que a postura da ANDES tem sido recuada. Não é possível, por exemplo, a CAPES articular a criação de uma OS para o desmonte da carreira conquistada em duras lutas nas últimas décadas e não se falar na organização dos professores para o abandono em massa e organizado das bolsas de produtividade e – sendo necessário – dos programas de pós-graduação. Se os professores não puderem mais fazer com que a CAPES não tenha mais nada a perder, então tudo parece já ter sido perdido para eles.
Florianópolis, 24 de setembro de 2014.
 
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/pesquisa-e-inovacao/noticia/2014-09/capes-defende-contratacao-de-professores-por-meio-de

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