Foto: UFSC à Esquerda
Luiz Costa – Redação UàE – 03/09/2019 (atualizado às 19h34)
O Conselho Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina rejeitou o projeto Future-se, nesta terça-feira (4). Após quatro horas, a sessão pública aprovou uma moção que se posiciona contrariamente ao Future-se e exige a imediata liberação das verbas cortadas neste ano. A deliberação aconteceu com o maior auditório da universidade superlotado, com cerca de 3 mil pessoas.
A deliberação aconteceu um dia após a comunidade universitária ter se reunido em Assembleia Geral. Com mais de 5 mil membros da comunidade universitária, a maior Assembleia dos últimos anos da UFSC, deliberou pela contrariedade integral ao Future-se.
A moção foi a votação depois de todos os diretores de centro e dos campi do interior se posicionarem. Dentre as manifestações, todas foram contra o projeto, mas algumas se posicionaram contra apenas por discordâncias pontuais, sem se contrapor aos meios que submetem o conhecimento produzido pela Universidade Pública aos interesses do capital privado. De Pierre, Professor que falou pelo CTC disse que o projeto do Future-se é ruim mas defendeu as Organizações Sociais.
Os diretores do Centro de Ciências da Saúde (CCS) e do Centro Tecnológico (CTC) foram alguns dos que se posicionaram a favor a maior vinculação da UFSC a iniciativa privada, seja através de parceria-público-privada, seja através das Fundações de Apoio ou qualquer outra forma.
Além disso, o Reitor Ubaldo C. Balthazar informou na abertura da sessão que O CUn estará em estado de suspensão, ou seja está em aberto e poderá chamar nova sessão para continuar as deliberações. Os conselheiros devem se reunir já na próxima semana novamente, para continuar a discussão das deliberações que dizem respeito aos pontos aprovados na assembleia de segunda. O reitor garantiu que esta próxima sessão também será aberta.
12 Universidades se posicionam contrariamente
A UFSC é 12ª a se posicionar institucionalmente contra o projeto future-se. As universidades que rechaçaram o projeto, através de seus Conselhos Universitários foram: Univasf, Unifesp, UFRGS, UFPR, UFPE, Ufop, UFMG, UFCA, UFC e Furg. Apenas a reitoria UFSCar se posicionou a favor ao projeto até o final de agosto, por ter “potencial de fortalecer a Educação Superior do país e ajudar a UFSCar a enfrentar em melhores condições os desafios de gestão”.
Na Assembleia Geral da UFSC, porém, a comunidade expressou sua preocupação com relação ao avanço do Future-se e a permanência dos cortes, mesmo com as manifestações institucionais. A greve foi pautada pela plenária como forma alternativa a essa política limitada. Deliberou-se por construir uma Greve com todos os centros e categorias da UFSC até o dia 10 de setembro.
Seguem abaixo as deliberação da assembleia geral:
ENCAMINHAMENTOS DA ASSEMBLEIA GERAL DE 02/09
- Posicionamento da comunidade contra o Future-se, em sua integralidade. Importante destacar, que o sentido deste posicionamento não se resume apenas a adesão da UFSC ao programa. Mas, a sua derrocada em âmbito nacional;
- Greve na universidade, a partir do dia 10 de setembro. Indica que todos os trabalhadores e estudantes possam construir este instrumento em suas bases;
- Construir a greve geral da Educação (greve por tempo indeterminado) em todo o país, para preparar a greve geral da classe trabalhadora;
- Pela readmissão dos trabalhadores terceirizados demitidos por conta dos cortes no orçamento. Foi aprovada uma carta com esta reivindicação endereçada a reitoria;
- Solidariedade a ocupação da Universidade Federal da Fronteira Sul;
- Posição que o Conselho Universitário, que ocorre hoje (03/09), respeite os encaminhamento da assembleia;
- Criação de um comitê de mobilização externa.
Este encaminhamento teve divergências, como o fortalecimento do UFSC na Praça; - Que a reitoria suspenda o vestibular até que se recomponham os cortes;
Este encaminhamento também foi muito polêmico e dividiu a assembleia. A favor dela argumentou-se o impacto na sociedade. Falas contrárias argumentaram que a suspensão seria como desistir ainda em setembro e que a nossa luta é pela recomposição do orçamento de modo mais imediato inclusive para que todos possam entrar na universidade. - Por último, foi debatida a ocupação imediata de prédios no campus até o dia 10 para construir a greve;
A proposta também dividiu a assembleia. Às falas contrárias argumentaram a dificuldade que é sustentar uma ocupação. Favoráveis argumentaram que a ocupação manteria a mobilização viva até o dia deflagração de greve, ajudando a construir experiências coletivas. A proposta não foi aprovada.