A iniciativa poderia beneficiar 4 milhões de pessoas por um prazo de 6 meses.
Luiz Costa – Redação UàE – 28/05/2020
Um projeto de taxação das grandes fortunas foi aprovado na Câmara dos Deputados do Chile, nesta terça-feira (26). A proposta é cobrar 2,5% da riqueza concentrada entre banqueiros e grandes empresários para financiar uma nova renda mínima de emergência durante a pandemia da Covid-19.
O projeto foi aprovado por grande maioria e solicita que o presidente Sebastián Piñera coloque em prática um imposto aos Super Ricos. Foram 85 votos a favor, 40 abstenções e 19 contra.
“Quando falamos de Super Ricos, falamos de pessoas como Iris Fontova do Grupo Luksic, com uma fortuna que segundo a Forbes equivale a US$15.400 milhões, de Julio Ponce Lerou (US$3.800 milhões), Paulmann (US$3.000 milhões) Alvaro Saieh (US$3.000 milhões), para mencionar alguns”, explicou Karol Cariola Oliva, deputada do Partido Comunista do Chile, autora da iniciativa.
Chile está entre os quinze países mais infectados, logo atrás da China. Com 17,9 milhões de habitantes, o país já registra 82.289 confirmados e 841 mortes. O número de casos confirmados por dia tem crescido constantemente nas últimas semanas.
Chile tem cerca de 4.307 casos a cada um milhão de pessoas. Entre os países mais infectados, apenas Espanha (5.027) e Estados Unidos (5.267) têm índice superior ao chileno.
A iniciativa poderia beneficiar 4 milhões de pessoas por um prazo de 6 meses. Segundo a deputada comunista Cariola, “com uma arrecadação próxima a US$ 6.000 milhões, é possível sustentar uma Renda Básica de Emergência acima da linha da pobreza (US$ 419.851 para um grupo familiar de três pessoas) por seis meses, sem distinguir entre trabalhadores formais e informais”.
Leia as bases do projeto clicando aqui.
Segundo pesquisa do El Mercurio, 15% dos pacientes confirmados com Covid-19 dizem sair para trabalhar mais de uma vez por semana.
Em 2019, a população chilena sacudiu o país com volumosas manifestações que reverberaram em todo o mundo. As medidas liberais do presidente Piñera e a brutalidade da repressão policial e militar que custou os olhos de centenas de jovens levou a reprovação do governo a 80%. Mas mesmo com as fortes manifestações e o grande rechaço do povo chileno, o governo de Piñera continuou de pé.
Um plebiscito constitucional foi convocado pelo Parlamento, mas a votação foi adiada sob a desculpa de que não seria possível mantê-la durante a pandemia.
Na semana passada, o povo chileno voltou às ruas. Moradores de pequenas cidades periféricas chegaram a romper o isolamento para denunciar o aumento da desigualdade social durante o período da pandemia. Os protestos terminaram com 22 pessoas detidas.
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