MEC: novo ministro e anúncio de investimentos

Imagem: reprodução da coletiva de imprensa do MEC.

Leila Regina – Redação UàE – 03/07/2020

Publicado originalmente em Universidade à Esquerda.

Hoje se noticiou que Bolsonaro convidou Renato Feder para ser novo Ministro da Educação. Feder assumiria após a saída de Weintraub e de Carlos Docotelli, que não chegou a ter nem cerimônia de posse diante das denúncias de fraudes em seu currículo. Docotelli deixou a pasta na última terça-feira (30/06) apenas cinco dias depois de ter seu nome anunciado por Bolsonaro em redes sociais (25/06).

 

Leia também: Após exoneração no MEC, Weintraub deixa o Brasil

Renato Feder (41 anos) é secretário de educação do Paraná, tem formação em Administração pela Fundação Getulio Vargas – FGV e mestrado em Economia pela Universidade de São Paulo – USP. Feder foi CEO da Multilaser aos 24 anos, a convite de Alexandre Ostrowiecki, a empresa de cartuchos reciclados se tornou uma gigante do setor de tecnologia. Ambos são réus em processo por não terem recolhido ICMS entre 2013 e 2014, o processo estaria suspenso. Com perfil Liberal Feder atuou na criação do “Ranking dos políticos”, em que os 5 mais bem colocados atualmente são do Partido Novo.

Em sua atuação do governo estadual do Paraná tem inserido “ferramentas digitais” com inserção de aplicativos para controle de frequência de alunos e acompanhamento de desempenho escolar pelos pais. Implantou sistema de gestão escolar em parceria com Microsoft e passou as matrículas para o formato eletrônico. Também implantou um sistema próprio de avaliação. Essa intensificação do uso de tecnologias em parceria com o setor privado acelerou a adesão do estado ao ensino remoto com o início da pandemia. Por conta de seu perfil privatista tem enfrentado forte resistência dos movimentos docentes no estado.

Feder já defendeu extinção do Ministério da Educação- MEC e privatização do ensino público abertamente. A proposta, apresentada no livro escrito em parceria com Alexandre: “Carregando o Elefante – como transformar o Brasil no país mais rico do mundo”, consistia em concessão de vouchers para matriculas em escolas privadas. Ao assumir o cargo se secretário do Paraná Feder teria dito ter mudado de ideia sobre a proposta.

Outros nomes além de Feder foram cotados para assumir o Ministério, mas ao que tudo indica Feder teria preferência neste momento e apoio do centrão, ele deve chegar a Brasília na segunda-feira. Houve resistência inicial ao seu nome por conta da relação de financiamento dele com a candidatura a prefeito de João Doria e acabou sendo preterido a Docotelli em um primeiro momento por conta da indicação de militares. Após a saída de Docotelli os militares defendem o nome de Anderson Correia, diretor do ITA.

Enquanto o nome do próximo ministro segue em debate, os técnicos do MEC, em coletiva de imprensa, anunciaram hoje (03/07) investimentos nas universidades e institutos com o objetivo de aumentar a relação com setor produtivo.

Na coletiva estavam o secretário-executivo do MEC, Antonio Paulo Vogel; o secretário de Educação Superior do MEC, Wagner Vilas Boas de Souza; o secretário de Educação Superior Adjunto do MEC, Tomás Dias Sant’Ana; e o Diretor de Planejamento e Gestão da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII), José Luis Gordon.

A coletiva abordou a ampliação de recursos, cerca de 50 milhões,  para um novo edital de credenciamento de universidades como unidades de Inovação da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial – EMBRAPII, para estimular a relação entre universidade e empresas. A EMPRAPII é uma organização social ligada aos ministérios de educação, saúde e da ciência e tecnologia que já atua há 6 anos com universidades e institutos federais.

Os investimentos em infraestrutura, acessibilidade, segurança por meio de monitoramento; além de recursos para obras inacabadas ou em andamento e para aquisição de equipamentos de tecnologia da informação chegariam a R$ 200 milhões. Há ainda previsão de parte deste montante para escolas médicas, fortalecendo a parceria com hospitais privados onde não há Hospitais Universitários.

Enquanto os nomes de ministros seguem em disputa, o projeto de governo segue se acirrando e atuando para disponibilizar a estrutura pública ainda mais para o setor privado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *