[Notícia] De 69 universidades federais, 27 têm data para o início do EaD

Helena Lima – Redação UàE – 10/07/2020

Na semana passada, dia 2 de julho, o jornal Universidade à Esquerda coletou informações de todas as universidades federais do país para compreender o caminho que as instituições estão tomando em relação às atividades de ensino. A pesquisa foi feita com base nos debates e decisões dos Conselhos Universitários e dos movimentos de oposição que estão surgindo em diversos lugares do país.

Segundo o portal do Ministério da Educação, dez universidades federais estão realizando aulas remotas e seis estão com aulas parciais. A pesquisa nos mostrou, no entanto, que pelo menos 27, das 69, instituições já iniciaram as aulas a distância ou estão com a data marcada para o retorno remoto.

 

Mesmo nas outras 42 universidades que não aderiram ao ensino a distância, em sua maioria o debate dos conselhos está se encaminhando para a implementação das atividades curriculares remotas.

Existem muitas semelhanças nas ações sobre os calendários das universidades durante a pandemia. A primeira é a de realizar o debate do ensino a distância nos conselhos como um problema técnico a ser resolvido, de dificuldades de acesso etc, e dessa forma, não conseguir desenhar outros debates e caminhos para as instituições.

A segunda semelhança é a de diferenciar o “ensino a distância” do “ensino remoto emergencial” (ou excepcional). Existe uma preocupação quase geral de demonstrar uma excepcionalidade da modalidade neste momento e diferenciá-lo do “EaD” que reina nas universidades privadas; ao mesmo tempo que entende que esta saída é possível para as atividades de ensino, legitimando o “EaD”.

Por fim, mesmo em universidades que ainda não aderiram ao ensino remoto, a formação intensa de professores se tornou uma premissa para a implementação do ensino a distância. Pelo menos quinze das universidades que retornaram as aulas estão realizando “treinamento” dos docentes, para uso de plataformas, como da Google e da Microsoft, e para orientar diretrizes pedagógicas.

Os outros horizontes possíveis estão surgindo, principalmente, em movimentos de oposição que começam a aparecer pelo país. Em algumas universidades as campanhas contra o ensino a distância surgiram depois da experiência desastrosa do ensino a distância; em outras instituições, os movimentos estão aparecendo antes da implementação, com base, também, nos relatos das outras universidades.

O levantamento a seguir apresenta nas tabelas, por região, as universidades federais que aderiram ao ensino remoto e as respectivas datas de início do semestre. Ao ponto que descemos o país, a porcentagem de instituições que aderiram ao ensino remoto aumenta.

Universidade Federal do Amazonas

Norte

Universidade Federal do Amazonas 08.05
Universidade Federal do Tocantins 27.06
Universidade Federal Rural da Amazônia 18.05

No norte do país, das onze universidades federais, três já iniciaram o ensino a distância. Na Universidade Federal do Amazonas (UFAM), as atividades autorizadas são apenas extracurriculares; na Universidade Federal de Tocantins (UFT), segundo o portal do MEC, as atividades são “parciais”; e na Universidade Rural da Amazônia (UFRA), as atividades são de caráter curricular.

Trinta por cento das universidades federais aderiram ao ensino a distância, uma porcentagem baixa em relação às outras regiões do país. No entanto, nos outros Conselhos Universitários o debate também está voltado para implementação da modalidade, com uma preocupação muito grande do acesso digital dos alunos. Na Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), o conselho discutiu que a conexão à internet e o alcance digital em sua região é muito inferior à média nacional.

Universidade Federal da Paraíba

Nordeste

Universidade Federal da Paraíba 08.06
Universidade Federal de Sergipe 22.06
Universidade Federal do Ceará 01.07
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 15.06
Universidade Federal do Maranhão 15.07

No Nordeste, cerca de 30% das universidades federais aderiram ao ensino à distância. Na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) as atividades são curriculares, mas “não obrigatórias” para professores e alunos.

Na Universidade Federal do Ceará (UFC), o reitor interventor nomeado por Jair Bolsonaro, Cândido Albuquerque, implementou o ensino remoto na universidade. Os professores da UFC estão lutando contra a política da reitoria, que está tentando forjar uma normalidade inexistente, segundo o sindicato dos docentes.

Em outras universidades federais do nordeste do país, a discussão sobre o ensino a distância não teve uma posição definitiva, os conselhos estão realizando consultas sobre as condições de acesso do corpo universitário; é o caso da Universidade Federal da Bahia (UFBA), do Sul da Bahia (UFSB), do Recôncavo da Bahia (UFRB), do Cariri (UFCA), de Pernambuco (UFPE) e da Rural de Pernambuco (UFRPE).

A política de um período de formação intensiva dos docentes, com manuais ou vídeos de “capacitação” está acontecendo na UFRPE, UFRN, UFMA e UFPE.

Universidade de Brasília

Centro-oeste

Universidade Federal de Goiás 31.08
Universidade Federal do Mato Grosso do Sul 17.03
Universidade Federal de Rondonópolis 06.07

Cerca de 40% das universidade do centro-oeste, três de oito instituições, têm data para iniciar o ensino à distância. Na Universidade Federal de Goiás (UFG) as atividades autorizadas para iniciar no fim de agosto são curriculares. Na UFG, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) está realizando um movimento contra o ensino remoto, em conjunto com a universidade estadual (UEG) e o instituto federal (IFG).

Na Universidade de Brasília, o debate sobre o ensino à distância está em andamento no Conselho Universitário. A proposta que está surgindo indica para um retorno em fases das atividades de ensino, onde a primeira seria de maneira totalmente remota.

Na Universidade Federal de Grande Dourados (UFGD) a reitoria interventora anunciou o retorno das aulas a distância; desde então, todas as categorias da universidade organizaram uma campanha contra a precarização do ensino, contra o ensino remoto.

Universidade Federal de Minas Gerais

Sudeste

Universidade Federal de Alfenas 03.08
Universidade Federal de Itajubá 06.04
Universidade Federal de Lavras 01.06
Universidade Federal de Minas Gerais 03.08
Universidade Federal de São Carlos 04.05
Universidade Federal de Viçosa 08.06
Universidade Federal do ABC 20.04
Universidade Federal do Espírito Santo 24.06
Universidade Federal do Rio de Janeiro 01.07

Metade das universidades federais do sudeste já aderiram ao ensino a distância. Com exceção da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), as atividades autorizadas para o retorno são curriculares.

Além destas, a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), de Uberlândia (UFU), do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e a Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) estão com os debates nos Conselhos Universitários encaminhados para a implementação do ensino a distância ainda em 2020.

Os movimentos de oposição ao ensino remoto estão surgindo em muitas universidades, como na UFRJ na UFRRJ, pelos professores e pelos estudantes. Além das federais, o corpo universitário das estaduais também está se manifestando contrários à modalidade, como na Universidade de São Paulo e na Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Sul

Universidade Tecnológica Federal do Paraná 03.08
Universidade Federal da Fronteira Sul 09.04
Universidade Federal de Pelotas 22.06
Universidade Federal de Santa Maria 17.03
Universidade Federal do Pampa 20.07
Universidade Federal do Paraná 29.06
Universidade Federal do Rio Grande do Sul 22.07

No sul, cerca de 65% das universidades já tem data para iniciar o semestre a distância ou já iniciaram.

Até então, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) é a única com mais de dez mil estudantes que não tem data para o inicio das aulas, mesmo que o debate no Conselho Universitário tenha se encaminhado para o ensino a distância. Movimentos de estudantes estão surgindo na UFSC para barrar as aulas remotas, e docentes se reuniram para escrever um manifesto contra o “ensino remoto.”

Na Universidade da Fronteira Sul (UFFS), a reitoria interventora autorizou as aulas a distância ainda em abril. No entanto, diversos relatos indicam que a adesão está muito baixa, não chega a 10% dos estudantes. O corpo universitário da UFFS luta desde o ano passado pela destituição do reitor, Marcelo Recktenvald.

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