O MEC e o INEP divulgaram informação falsa de que a prova do ENEM 2016 não seria aplicada no Colégio de Aplicação da UFSC, pois o mesmo estaria sendo ocupado pelos estudantes. A informação, que não procede, foi desmentida pela Direção do Colégio de Aplicação e os órgãos voltaram atrás com a publicação de uma nova nota de esclarecimento, na qual reafirmam que as atividades dos estudantes secundaristas na UFSC não está criando nenhum impedimento para a realização do ENEM.
Nota da Direção do Colégio de Aplicação:
“Hoje, 1/11, foi divulgada pelo Ministério da Educação e veiculada pela imprensa a lista nacional das escolas que serviriam de lugar de prova para o ENEM 2016 e que, em virtude das ocupações, não terão a prova realizada nos dias 5 e 6 de novembro. A relação está disponível aqui.
Causou-nos espanto encontrar o Colégio de Aplicação da UFSC como única escola do Estado de Santa Catarina em que a prova do próximo fim de semana estava cancelada. A esse respeito, informamos que:
- a) Até o presente momento, o Colégio de Aplicação da UFSC não está ocupado. Os estudantes estão realizando uma agenda de assembleias e discussões sobre o tema, mas no momento não existe ocupação consumada da escola.
- b) A Direção do Colégio de Aplicação não foi consultada pelo Ministério da Educação sobre a situação de ocupação da escola e não forneceu informação nesse sentido a qualquer dos órgãos superiores a ela. Em seu papel administrativo, tem acompanhado as discussões que são realizadas no interior da escola, mas não recebeu pedido de informação de qualquer órgão para a elaboração da lista, nem informou que a escola estava ocupada.
- c) Os organizadores da prova em Florianópolis informaram à Direção que não repassaram ao MEC informação sobre ocupação do Colégio de Aplicação. Não há indícios, portanto, da fonte que teria dado essa informação, que acaba por gerar muitos contratempos aos candidatos alocados nesta unidade para a prova. Repudiamos veementemente essa divulgação errônea de informações por parte dos órgãos responsáveis, que compromete o destino de tantos candidatos que realizarão a prova nos próximos dias 5 e 6.
Assim sendo, pedimos ampla divulgação para o fato de que a realização do ENEM nas dependências do Colégio de Aplicação da UFSC está mantida.
Josalba Ramalho Vieira
Diretora Geral do Colégio de Aplicação da UFSC”
Nota do INEP:
“O INEP informa que o monitoramento dos locais de prova ocupados está sendo feito pelos consórcios aplicadores. No caso do Colégio de Aplicação da UFSC o consórcio Cesgranrio verificou que houve falha no repasse da informação por parte do coordenador de área. A informação foi baseada no ambiente de risco à segurança durante as assembleias dos alunos, não sendo atualizada devidamente. Diante disso, com a comprovação de que o local não estava ocupado no prazo estabelecido, o INEP vai realizar as provas no Colegio de Aplicação no próximo final de semana (05/11 e 06/11). Para isso, ja adotou as providências necessárias para informar aos alunos que farão exame no local.”
Em todo caso, é condenável a tentativa do INEP de fornecer elementos para que a imprensa marrom faça o trabalho de divulgação de informações que não apenas são inverídicas, como procuram manipular a opinião geral da sociedade contra as ocupações de estudantes secundaristas. A realização de uma prova como o ENEM envolve o futuro e a vida de muitas pessoas. Esse é um momento delicado na vida de milhares de jovens. Porém, a responsabilidade e os lucros auferidos pelas centenas de empresas que aplicam a prova é delas e não dos movimentos estudantis. Lidar com os contratempos, inconvenientes e demais problemas nos locais de aplicação das provas, assim como garantir outros espaços, é a única justificativa para que a sociedade pague tais empresas – contratações e parcerias público-privadas das quais discordamos radicalmente.
O uso político destas questões pelo Governo Temer ou pela imprensa marrom, tanto no caso do Colégio de Aplicação da UFSC como no caso de quaisquer outras das mais de mil escolas ocupadas, deve ser encarado como um atentado (mais um) contra a democracia e os direitos à formas de lutas da classe trabalhadora e de toda a sociedade brasileira.