[Opinião] A cassação da chapa Dilma-Temer no TSE

Marcelo Ferro – Redação do UàE – 12 de junho de 2017

Na última sexta-feira (9), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu por absolver a chapa Dilma-Temer das acusações de abuso de poder nas eleições de 2014, em que saiu vitoriosa. O desempate do voto dos ministros (3 a 3) veio do presidente da corte, Gilmar Mendes, aliado de Temer.

O que transparece da decisão do TSE é o seu caráter político. A posição dos empresários e das patronais frente ao julgamento era clara: que Temer fosse absolvido para avançar as reformas, mesmo que mergulhado nos esquemas de corrupção. A cola que sustenta o governo da queda é seu compromisso com o prosseguimento das reformas, inclinação que se confirma com a aprovação do texto da reforma trabalhista na Comissão do Senado na terça, dia 6. O importante para os burgueses é a agenda de cortes e flexibilizações, e isso se reflete na decisão do TSE.

A investigação de Temer no Supremo Tribunal Federal ainda segue. Ao lado das tentativas, nos veículos oficiais, de passar uma idéia de normalidade em meio à crise, acumulam-se os constrangimentos do presidente ilegítimo ao refazer explicações ou desviar do assunto quando questionado, na mídia, sobre os casos suspeitos, inclusive recusando questionamentos da Polícia Federal.

Se, entre os setores médios, ainda havia confiança no Judiciário para moralizar a política, para combater a corrupção, agora, com a decisão do TSE, fica claro que ela tem de fato caráter endêmico, está nas engrenagens do Estado. E, além disso, lança luz sobre a essência ideológica da corrupção, que apresenta o Estado como uma instituição pública, imparcial e independente da sociedade civil e de suas contradições, independente dos interesses da classe dominante, quando na realidade o Estado é uma instituição da classe burguesa, e opera para salvaguardar seus interesses.

Com ou sem Temer, o conjunto dos burgueses quer ampliar seus ganhos às custas dos trabalhadores, e para esse lado se inclinam todos os setores do Estado brasileiro. Que nossa análise se qualifique, que seja radical – vá à origem dos problemas. Que a resposta de nossa classe seja: Fora Capital!

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