O UFSC à Esquerda é um coletivo jornalístico surgido em meados de agosto de 2013 em Florianópolis (SC). Em 19 de agosto de 2013, publicamos nosso primeiro texto A UFSC foi cercada pelo imobilismo em que fazíamos duras críticas às forças da esquerda que atuam na universidade por meio da crítica ao cercamento físico do campus Trindade (UFSC).
Tratava-se naquela época de um conjunto de militantes, provindos de diferentes organizações e partidos políticos, inconformados com os rumos tomados pela esquerda e pela universidade brasileira. Aquele texto deu vazão a essa angústia e, quando percebemos a necessidade de uma retomada rigorosa das análises socialistas e marxistas, nos tornamos um coletivo.
A forma de um coletivo jornalístico decorreu dos debates internos, nos quais percebemos que a esquerda se ausentou dos meios de imprensa com os quais sempre teve intimíssima relação. Muitos dos partidos socialistas e comunistas, entre outros tipos de organizações revolucionárias, surgiram e se organizaram em torno de jornais. Para nós a formação de uma nova organização política, sem o tempo necessário para fazermos as autocríticas necessárias – já que muitos provinham de organizações dessa natureza – não faria qualquer sentido. A nova organização socialista pela qual ansiamos teria que vir da ascensão das lutas da classe trabalhadora e ganhar a forma que a classe forja no calor dessas lutas.
Os jornais têm um papel cada vez mais importante, ao contrário do que se possa pensar no senso comum. Mesmo hoje com as redes sociais, esse papel apenas se sobreleva, visto que a imensa maioria dos conteúdos sérios publicados nas redes são compartilhamentos, réplicas e comentários sobre textos jornalísticos. No entanto, a sociedade burguesa logrou retirar da classe trabalhadora seus grandes instrumentos de comunicação. Diante do crescimento dos grandes jornais burgueses, os nossos desapareceram, tornaram-se diminutos; os que não acabaram por falta de meios, foram “acabados” pela coerção do Estado – assaltos, inquéritos, assassinatos de jornalistas. A história da imprensa de esquerda está marcada pelo nosso sangue.
Essa tarefa histórica nos animou, ainda que cientes de que essa forma potente tem também seus limites, ainda mais hoje, quando não se pensa o jornalismo além do que já está estabelecido e o senso da história dessa atividade parece ter se dissipado quase por completo.
Para nós é fundamental criar um instrumento que se torne parte do cotidiano dos seus sujeitos. Ao mesmo tempo, com igual importância ou até maior, precisaria ser um instrumento no qual a história das lutas da esquerda tivesse lugar. Hoje, muito da história não oficial da UFSC está perdida. A não ser na memória daqueles mais diretamente envolvidos nos acontecimentos, não há registro e, sem registro, não há historicidade. E, por fim, precisaria ser mais uma forma de mediação das formas de consciência, através dos debates políticos e de análises da realidade que não permanecessem privatizadas aos membros de seitas, mas que pudessem circular livremente, ao contrário do que muitas vezes se vê na universidade e fora dela. E por esses meios o UFSC à Esquerda foi ganhando essa forma nos últimos anos.
Fazemos análises de conjuntura e formações teóricas que logo são traduzidas para textos, vídeos, coberturas e colocadas ao alcance de todos os interessados. Alguns tratam especificamente de acontecimentos na universidade, enquanto outros dizem respeito à política educacional, ao governo federal, aos acontecimentos em vários lugares do mundo. Fazemos assim porque estudantes e trabalhadores da universidade não podem permanecer especializados em suas microrrelações cotidianas, um jornal que se ponha à serviço da universidade deve contemplar tudo.
Aliás, em grande parte, também é por essa razão que na contramão de muitos coletivos que já se fizeram presentes na universidade, o Coletivo UFSC à Esquerda não é feito somente por pessoas vinculadas à universidade. E, aqueles que fazem parte dessa instituição, não são segmentados pelas categorias impostas pela letra da lei: somos compostos por docentes, TAEs e estudantes.
Notadamente, as circunstâncias históricas que nos formaram são diferentes daquelas de nosso presente. Temos o desafio de acompanhar a realidade, sua complexificação e seguir criando condições para que todos aqueles que se ocupam da universidade possam lutar por ela e por uma vida efetivamente socializada. Contamos para isso, principalmente, com nossos leitores, que nos acompanham nos diferentes temas e abordagens. Agradecemos pela oportunidade de servir todos esses anos e receber de volta respeito, críticas e solidariedade de todos os que nos cercam! Estamos confiantes de que seguiremos juntos até a vitória do socialismo!
Saiba mais sobre o coletivo em nosso site: www.ufscaesquerda.com
Contato: ufscaesquerda@gmail.com