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As atitudes tomadas pela direção da APUSFC nas últimas semanas demonstram um posicionamento, por parte desse sindicato, contrário aos interesses e direitos da categoria docente. Entre essas atitudes estão o não reconhecimento da Comissão de Mobilização Docente que, ao longo do último mês, convocou assembleias para a discussão da greve nacional da categoria no âmbito da UFSC; a recusa à participação em um debate promovido por essa Comissão; e o Ofício encaminhado a reitoria que trata de uma antecipação de tutela contra a atuação do ANDES-SN em Santa Catarina. Essa entidade parece não querer enxergar o que acontece com a categoria que representa.
Não há qualquer dúvida em relação ao aprofundamento da precarização das condições de trabalho da categoria docente ao longo dos últimos anos. A sobrecarga de trabalho é sentida pela grande maioria dos docentes nas atividades de ensino e pesquisa com salas de aula superlotadas, falta de material e infraestrutura adequados, e intensas cobranças de produtividade pelos órgãos de fomento. Ainda, muitas vezes a pesquisa e extensão são utilizados como formas de complementação de renda, aumentando a carga horária de trabalho e diminuindo a dedicação ao ensino. Se não bastasse as três atividades fundamentais para o conceito de universidade, os docentes ainda têm assumido tarefas burocráticas e administrativas que antes eram, e ainda poderiam ser, realizadas por técnicos administrativos em educação (TAE) de nível médio e superior. Por isso, a terceirização de atividades meio, a subcontratação de TAEs, a falta de autonomia e o desrespeito por parte da direção e de professores para com essa categoria só pioram as condições de trabalho dos próprios docentes. Dessa forma fica a questão: como é possível realizar tantas atividades em 40h semanais? As respostas são variadas. Isso é feito com o sub-registro de atividades no PAD, com o adoecimento docente, com o preterimento das atividades de ensino (em especial, o de graduação), e com uma pesquisa, por muitas vezes, irrelevante.
Em um momento pós expansão irresponsável das universidades, com ataques às universidades públicas, com cortes de verbas da educação e, como consequencia disso, com a piora das condições de trabalho dos docentes, não seria a hora ideal para um sindicato defender os direitos e interesses da sua categoria? Mas não é essa a atitude da APUFSC. A diretoria do sindicato parece estar mais interessada em questões particulares, como a próxima eleição à reitoria, o ataque a liberdade sindical, o ataque ao ANDES e, de forma surreal, ao ataque à própria categoria na afronta aos professores que fazem parte da Comissão de Mobilização, como visto no Ofício à reitoria.
A realidade mostra que APUFSC encena ser um sindicato. No entanto, não passa de uma “associação recreativa” que não tem qualquer apreço por uma educação púbica de qualidade socialmente referenciada, ou mesmo, apreço pela própria categoria docente. A APUFSC, que um dia foi referência nacional, já não existe. Hoje, é um clube para os interesses de uma minoria, um clube para se ter um plano de saúde, um clube para massagear o corpo e o ego de alguns poucos professores (como ocorrerá no aniversário dessa entidade).