Assembléia na reitoria da UFSC. Década de 1980. Foto: Celso Martins.

Contradições: O Movimento Estudantil de Ontem e o de Agora

UàE – 03 de maio de 2016

O evento “O Movimento Estudantil na UFSC nos Anos 60 e 70: Suas Lutas e a Ação Repressiva” que aconteceu na última segunda-feira (02/05), com depoimentos públicos de quatro ex-estudantes da UFSC: Anamaria Beck, Heitor Bittencourt, João Soccas, Ronaldo Dias Andrade, abordou o movimento estudantil na época da ditadura militar brasileira, principalmente nos anos de chumbo de 1968 a 1974. A sessão teve sua importância histórica, mas isto não nos impede de ver as contradições presentes neste momento.

A fala inicial de Roselane Neckel, atual reitora, sobre a importância do cunho político de trazer essas discussões para dentro da Universidade ao ressaltar o trabalho do movimento estudantil pós 64, beira o cômico, quando nos lembramos de fatos pontuais de sua gestão. A exemplo da reunião do Conselho Universitário feito dentro da escola militar, ou ainda da expulsão de 4 alunos em vulnerabilidade econômica por 50 policiais, entre eles os da Força Tática, ainda no começo desse ano.

As contradições, não param por aí, o envolvimento do DCE nesse tipo de espaço chega a ser ultrajante. Ao vermos a mesa composta por Heitor Bittencourt e Ronaldo Dias Andrade, dois ex-presidentes do Diretório Central nos anos mais hostis da ditadura que lutaram contra opressões e principalmente pela mobilização e unidade estudantil, e em contrapartida, membros da atual gestão, os quais mal sabemos os nomes. Gestão esta de DCE que atua com total omissão e conivência com o descaso da PRAE e de outros setores da UFSC em relação à pautas importantes e de urgência. Cujo único ato foi o desastroso “pague o passe”, tentando furar uma intervenção legítima dos estudantes e demonstrando o nítido destoante com sua função de entidade representativa.

Para completar o quadro, uma frase de Ronaldo D. Andrade se referindo a luta pela permanência travada a mais de 40 anos atrás, em sua fala se destaca: “[…] eles olhavam para a gente com ódio, como se quisessem que nós não estivéssemos lá”. Frase que se faz tão atual em 2016 e representa muito bem o que foi sentido pelos estudantes na gestão Roselane Neckel.