[Curta] E agora? O que fazer?

Imagem: Ilustração de Ariely S.

Ariely S.* – Redação UàE – 24/09/2019

Andando pelos centros e reuniões da UFSC não é difícil encontrar pessoas preocupadas com os rumos que os cortes, o Future-se e a Greve irão tomar. A não adesão dos docentes foi um grande balde de água fria para muitos que pela primeira vez estão participando efetivamente do movimento estudantil nas suas mais diversas formas. E mesmo para os que estiveram em outros momentos táticos tem sido um grande desafio ponderar as conquistas e dificuldades da construção do coletivo.

É certo que muitos, sem receios irão deslegitimar e dizer que não é hora de radicalidades, que devemos aguardar para o próximo semestre. Mas é sempre importante lembrar nas condições que estamos, laboratórios sucateados, prédios caindo em nossas cabeças, censuras nas mais diversas formas, necessidades básicas em decadência, falta papel e a fração de comida no Restaurante Universitário decaiu drasticamente. Nossa situação não é boa há um bom tempo. Desde que entrei e isso passou os governos Dilma, Temer e o atual nunca foi fácil permanecer aqui e a luta por direitos jamais parou. É claro que o que enfrentamos hoje e que ainda vamos enfrentar em 2020 (com o LOA, por exemplo) é abrupto e faz com que as perspectivas de solução se fazem parecer limitadas e que todo o esforço não é suficiente.

De fato, os desafios são muitos, mas o que nos move é muito maior que mera burocracia. Tolice seria esperar que outros façam por nós e que nessa conjuntura apenas o diálogo vá resolver nossos anseios, é inegável sua importância, mas quando não ouvidos outros meios se fazem necessários. Não devemos também nos afobar e acreditar que tudo acontece de forma rápida, que todas as aulas irão parar em alguns dias, que não irá haver represarias de todos os lados e que todas as universidades farão acontecer a Greve de um dia para o outro. Estamos cansados, isso é um fato, porém construção de uma Greve se faz na força de vontade, tal como a união dos estudantes, que mesmo que partam de contextos diferentes vem feito um constante movimento. A historicidade aponta nosso poder de mudança, as lutas desde a Reforma universitária de Córdoba na Argentina, até as ocupações dos secundaristas em 2015 em São Paulo contra a reformulação do ensino médio nas escolas públicas nos faz acreditar que isso é só o início e que não é tempo de recuar!

Pois, mais do que ler e produzir artigos a universidade faz o mais humano de nós. Ocupar e lutar por isso e pela entrada e permanência de todos é um direito. Seguimos firmes!

 

*O texto é de inteira responsabilidade da autora e pode não refletir a opinião do Jornal.

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