Graffiti de Banksy em Bristol
Imagem: Grafiti de Banksy em Bristol, Inglaterra; 2009; por Julia/WikimediaCommons

[Curtas] A liberação do porte de armas de fogo: expressão do ultra-individualismo

Imagem: Grafiti de Banksy em Bristol, Inglaterra; 2009; por Julia/WikimediaCommons

José Braga* – Redação UàE – 07/12/2018

Nos últimos meses, especialmente com a eleição de Jair Bolsonaro à Presidência da República, o debate sobre a liberação do porte de armas de fogo tem se tornado mais presente no dia-a-dia. Geralmente, àqueles que defendem a simplificação ou mesmo a inexistência de normas para restringir o acesso das pessoas a compra de armas utilizam o argumento da segurança.

Como se o porte da arma previne-se os sujeitos da violência urbana. Quem nunca ouviu de um tio ou algum familiar uma frase do tipo: “O bandido vai pensar duas vezes se souber que o cidadão de bem pode estar armado”? Evidente que este argumento é falacioso e basta ser inteligente o suficiente para fazer uma busca no google que é possível encontrar estudos que indicam exatamente o contrário. E neste caminho se deparar inclusive com os tristes e assustadoramente frequentes casos de massacres em escolas nos Estados Unidos.

O que podemos pensar é que não se trata exatamente de uma questão sobre segurança. Talvez se trate mais de uma forma de demonstrar que o indivíduo pode cuidar de si mesmo, um símbolo de auto-suficiência e poder do que efetivamente sobre violência. Afinal, é de se questionar se colocado em uma situação de assalto ou outra semelhante se você iria mesmo buscar sua arma para reagir.

A busca pela posse de uma arma de fogo nos diz mais sobre o ultra-individualismo do que sobre qualquer coisa. A ideia que se compra de brinde com a arma é a de que é cada um por si, e então é melhor estar armado do que esperar que um terceiro possa me proteger da ameaça constante que são os outros indivíduos. A violência e a segurança deixam de ser uma questão comum, que aflige a todos para ser algo que cada um poderia resolver por si – como indivíduo que está ameaçado por todos os outros.

É este modo de viver do capitalismo – do sujeito por si mesmo – que é vendido a todo os cantos pela ideologia liberal que o anseio pelo porte de armas representa.

 

*O texto é de inteira responsabilidade do autor e pode não refletir a opinião do Jornal.

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