Morgana Martins* – Redação UàE – 07/12/2018
As ciências humanas possuem um papel importante em períodos de aprofundamento das crises e de devastação do conhecimento; basta lembrar que a Teoria Marxista da Dependência, uma leitura crítica do desenvolvimento das sociedades capitalistas dependentes, foi desenvolvida por intelectuais como Ruy Mauro Marini, André Gunder Frank, Vânia Bambirra, entre outros, no final da década de 1960 e início de 1970.
Ou seja, a produção científica nas áreas chaves que debatem sobre a realidade do país precisa, nesse momento, voltar a realizar as críticas mais radicais a sociedade e trilhar um novo caminho para os debates que circulam pelas universidades, pelas mídias e pela sociedade. Isso porque o ataque às ciências humanas e o que ela representa já vem sendo anunciado pelo governo de Bolsonaro.
O Ministro da Educação indicado, Stravos Xanthopolos, afirmou em um evento em que apresentava suas propostas sobre a educação que as humanidades “não têm relevância nenhuma para o desenvolvimento científico do país em termo de valor agregado”. Fica difícil até mesmo compreender o que, para o excelentíssimo Ministro, seria o desenvolvimento científico e a área das ciências humanas; pois, essa é a área que historicamente realiza os debates sobre a sociedade e contribui para o desenvolvimento da mesma, interpretando-a e apresentando novos rumos – e a classe dominante sabe disso.
Enfim, temos que acabar com a ideia de que as humanidades não se configuram como ciência e que seus pesquisadores não são cientistas. Os pesquisadores da área precisarão resistir. Para isso, é fundamental que se coloque na ordem do dia o debate crítico sobre a realidade, que se coloque em xeque as saídas dadas pela classe dominante para as crises do capital e indicar que há outras saídas que não a exploração brutal da classe trabalhadora. Porém, temos de fazer isso não mais negando a Teoria Marxista da Dependência.
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