Maria Luisa Moreira* – Redação UàE – 25/11/2019
Publicado originalmente em Universidade à Esquerda
A consultoria Mercer “Make Tomorrow, Today”, consultoria global sobre saúde, previdência e investimentos, afirmou nesta semana, com base nos estudos do FMI (Fundo Monetário Internacional), que os brasileiros iriam “poupar 480 bilhões por si mesmos” através da Reforma da Previdência. O organismo apresentou que, nos países analisados com reformas previdenciárias similares à do Brasil, 60% do valor que iria para o Estado se transformaria em Previdência Privada.
Para a consultoria Mercer e também para o FMI, que apoia indiscriminadamente a Reforma no Brasil como sua única alternativa, isso é uma notícia positiva de que, nos próximos dez anos, 480 bilhões vão entrar nos bancos e fundos de previdência privados. O Guilherme Gazzoni, líder de Desenvolvimento de Produtos da Mercer Brasil, afirmou em entrevista para o Portal UOL:
“Sistemas de previdência pública mais generosos não incentivam a formação de poupança privada. No Brasil, muitas pessoas continuam cobertas pela Previdência Social após a reforma, mas outro grupo significativo terá benefícios com valores menores a partir de regras de acesso mais rígidas”, afirmou Gazzoni
Guilherme Gazzoni também compreende que essa poupança se dá apenas para a classe média, visto que os pobres usam todo seu dinheiro para sobrevivência (o que o mostra mais consciente que o Ministro da Economia, Paulo Guedes, que disse que os pobres consomem todo o dinheiro por escolha, “pobres consomem tudo”).
No entanto, essas afirmações escondem a própria Reforma da Previdência. Essas “regras mais rígidas” se darão tanto para “classe média” quanto para os “pobres” e elas obrigaram aos brasileiros à colocar seu dinheiro em poupança para terem uma mínima (ou menor que mínima) fonte de recurso em sua aposentadoria. Porque agora, para os trabalhadores terem 100% de seu direito, as mulheres terão que trabalhar 35 e os homens 40 anos. Os que se aposentarem com 62/65 anos com 15 anos de contribuição tem direito apenas à 60% do valor de sua aposentadoria.
O que se apresenta, dessa maneira, é a exploração ainda maior dos trabalhadores, que terão que trabalhar até morrer e/ou terão que viver contribuindo ainda mais com a Previdência Privada. Na contramão, os bancos serão beneficiados com bilhões, não há crise por ali.
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