Foto: Assembleia Geral da UFSC de novembro de 2016; por UFSC à Esquerda
Luiz Costa e Clara Fernandez – Redação do UàE – 16/11/2017
Não há necessidade de enfatizar a importância de construir mobilizações a fim de combater os ataques que o Brasil vem sofrendo, porém, é fundamental debater a estratégia para esta mobilização, e, se tratando de situações árduas – como a que vivemos hoje – a precisão da organização se torna ainda mais imprescindível, vacilar não é uma opção. A proposta deste texto é incitar o debate acerca do uso de instrumentos de mobilização como comitês unificados e assembleias e repensar a estratégia para a retomada dos movimentos dentro da UFSC.
Em primeiro lugar, é preciso retornar um pouco na história para lembrar em que contexto se conformou a unidade entre categorias na Universidade: em meio às mobilizações de 2015, com greves eclodindo nas diferentes categorias, mobilizações em torno da permanência estudantil e o rompimento com imobilismo que cercava a universidade, surge o comando unificado de greve, aprovado nas assembleias de categorias, visando que os diversos movimentos que estavam em ascensão pudessem se encontrar, trocar impressões e atuar em conjunto na defesa da Universidade Pública. Este movimento se transformou em um comitê unificado de mobilização após a greve, visando dar consequência política aos desdobramentos das mobilizações. Antes disso, tal unidade, tinha seus últimos registros na realização de assembleias unificadas da década de 90.
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Em outubro de 2016, a Comissão de Mobilização Unificada foi retomada, como resultado de uma assembleia e, mais importante, de uma fomentação do debate em relação ao momento político, em especial, sobre a PEC do teto dos gastos. Lembrem-se: este foi o mês que transbordou as ocupações no interior da UFSC, momento onde ocorreu diversas assembleias em praticamente todos os cursos da Universidade e com um número de adesão muito significativo. Ou seja, o caminho de construção da unidade desenvolveu-se inicialmente pela ação nas bases (debates, rodas, etc.) que culminou em assembleias de curso e, posteriormente, assembleias de centro e geral da UFSC. E nesta assembleia deliberou-se pela unidade, pela Comissão de Mobilização.
A memória desses processos é importante para percebermos como se dá a construção efetiva de um movimento político, isto é, que atinja a esfera da grande política. Inverter este processo é, consequentemente, equivocado e leva ao campo da pequena política. Afinal, a mobilização nas bases gera a unidade e, por isso, unidade é o resultado e não a causa do processo.
Essas experiências são demonstrações do que podemos fazer quando pensamos qual os melhores instrumentos que podemos utilizar, para além das suas qualidades como elementos mais avançados de um determinado momento, mas pautados no que o tempo presente exige de nós. Se a intenção é de mobilização, do que adianta realizar assembleia geral quando o debate não permeia o espaço dos técnicos, professores e estudantes? Parece no mínimo pretensioso acreditar que uma assembleia que não é resultado do movimento é capaz de aglomerar e eclodir uma reação de debates e mobilizações. Atuar desta forma, é quase como acreditar que história é estática e basta um “copiar” e “colar” para que os movimentos retornem a um mesmo nível de mobilização somente porque determinados instrumentos são invocados. O resultado da falta do trabalho de base é nítido: o movimento fica enfraquecido.
Podemos analisar fatos mais recentes que comprovam esse “processo lógico” de construção do movimento político, como as greves gerais do primeiro semestre deste ano. O ponto é que a mobilização concreta acontece de baixo para cima e nunca, ao contrário, de um imposição de cima para baixo. Um claro reflexo foi a tentativa de mobilização aqui na UFSC para o dia 10 de Novembro, última sexta-feira. Promover atividades deliberativas sem que a massa da comunidade esteja respirando o tema e nutrindo o debate não apenas é ineficaz como também desgasta instrumentos que são caros para nós, como as assembleias. Pior do que não haver mobilização é haver mobilização fracassada, pois acrescenta experiências negativas para os sujeitos, restringindo o alcance do mesmo instrumento posteriormente. Imagine o que é isto para aqueles que ousam pisar pela primeira vez nestes espaços de mobilização esperando encontrar uma ampla parcela da Universidade ou no mínimo, alguma fala onde o locutor de fato acredite na eficácia da própria proposta.
Construir experiências que demonstrem a possibilidade de não se render ao que está dado, a capacidade de inaugurar saídas e consolidar alternativas, passa antes de tudo, pelo contato olho no olho com os nossos colegas, pela retomada de princípios que parecem óbvios, mas que precisam ser debatidos, pela socialização pública das experiências, eventos e decisões vividas na universidade. E isto pode se dar pelos mais diversos meios: roda de conversa, debate, palestra, panfletagem, passagem em sala, intervenção artística…
Exemplos do que fazer não faltam e ainda se podem criar outros, a questão é: estamos apresentando elementos que demonstrem aos nossos colegas a possibilidade de construirmos algo juntos? Que auxilie para que esses também possam ser protagonistas do processo? É notório que a grande maioria é consciente a respeito das temeridades que o país vive, entretanto, é necessário que haja um debate coletivo. Para desenvolver um processo de mobilização e combate o passo deve ser anterior, a estratégia é outra: é preciso voltar ao trabalho de formiguinha, é preciso se reencontrar com a base.
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Lembrando que as catracas quem lucra inteiro é a Prefeitura, á empresa de ônibus ganha por km rodado. Tanto faz quantos estão dentro, tanto faz pra empresa a diferença do lucro só é sentida pela Prefa. Lembrando ainda: – Quem está estudando ou trabalhando há está pagando impostos, gerando lucro ativo na máquina Pública ou se preparando para dar sequência ao desenvolvimento social… Artigo. Anderson Floriano. É só pular a catraca.