Morgana Martins – Redação do UàE – 17/08/2017
Como nos aproximamos do período de eleição do Diretório Central dos Estudantes (DCE) – que ocorrerá no mês de setembro -, debater um pouco do sentido estratégico e político do movimento estudantil, seus rumos e suas principais tarefas frente a conjuntura de crise que vivemos no país toma um lugar importante na universidade.
Um pouco do que pode ter grande importância hoje para o movimento estudantil é a retomada da presença no cotidiano dos estudantes. No entanto, a presença por si mesma não basta. Afinal, ela pode estar a serviço do esvaziamento da Universidade. É preciso qualificá-la, buscando sistematizar os acontecimentos atuais para então elaborar um novo horizonte de luta em defesa da Universidade Pública e da retomada de seu papel de produção de conhecimento. Para hoje, acredito ser de grande importância que o movimento estudantil, no debate e na ação conjunta com as bases, seja capaz de retomar a importância do papel que têm as universidades na construção de teorias capazes de responder às questões da sociedade e de como estas nos dão a possibilidade de pensar outras formas de sociedade para além da estrutura que possuímos hoje. Ou seja, de colocar a produção de conhecimento no sentido de imaginar e criar caminhos para a superação dos dilemas de nosso povo.
Portanto, se voltar aos cursos, construir Centros Acadêmicos que estejam presentes na vida cotidiana dos estudantes; discutindo amplamente com o conjunto dos estudantes as questões importantes das lutas de classes e construindo oportunidades aos estudantes – promovendo espaços importantes de discussões, dentro e fora da sala de aula – é um pouco do que se faz necessário ocorrer nesse momento e que, aos poucos, pode construir uma relação de confiança com as atuações políticas dos movimentos.
Para isso, é preciso que tenhamos cuidado de não nos perder nas políticas que não estão em nosso horizonte e na resolução de questões isoladas e desligadas da luta efetiva pela construção de outra universidade e outra sociedade. Isso quer dizer: não estar descolado de onde estão acontecendo as grandes decisões e lutas da classe trabalhadora.
Claro, mudar os rumos do movimento estudantil não é algo que se fará da noite pro dia, é um processo que poderá passar por altos e baixos; porém, a política tem de ser pensada diariamente, como um processo de construção conjunta e que, com certeza, exige que nos envolvamos completamente e que incorporemos as questões efetivas da classe trabalhadora em nossa luta cotidiana. Por isso, reafirmo a importância do debate sobre algo do que pode ser um novo horizonte para a luta do movimento estudantil nesse momento em que a disputa pela direção do DCE se aproxima, para que nós consigamos perceber a importância de guiar as nossas lutas para a defesa de nossa Universidade e para o fortalecimento das lutas de nossa classe!