Gustavo Bastos – Redação UàE (Com informações do Jornal Brasil de Fato) – 25/03/2019
Dilma Ferreira Silva, de 47 anos, seu companheiro Claudionor Costa da Silva e Hilton Lopes, 38 anos, amigo do casal foram brutalmente assassinados. A Polícia Civil registrou o triplo homicídio na última sexta feira (22 de março de 2019).
Dilma era uma das atingidas pela hidrelétrica de Tucuruí (PA), construída durante ditadura militar no Rio Tocantins (310 Km de Belém). A usina de Tucuruí é a terceira maior do Brasil, ficando atrás somente das hidrelétricas de Itaipu, no Paraná e Belo Monte, também no Pará. Cerca de 32mil pessoas foram deslocadas para a construção da usina, e há mais de 30 anos lutam para garantir seus direitos. Segundo o MAB ainda não houve a devida compensação aos atingidos. Em 2011, Silva participou de uma audiência com a então presidenta Dilma Rousseff (PT) e entregou um documento em que pedia uma política nacional de direitos para os atingidos por barragens, com atenção especial par as mulheres atingidas.
Segundo informações levantadas pelo Jornal Brasil de Fato, “cinco pessoas, em três motocicletas, chegaram às 21 horas de quinta (21) à casa de Dilma, onde também funcionava um pequeno comércio. Durante toda a noite, ouviu-se música alta – os vizinhos estranharam, pois não era hábito do casal.
No dia seguinte, pela manhã, o ônibus escolar parou em frente à casa da militante, que trabalhava como monitora na escola da comunidade. Ao desembarcarem ao local, os profissionais do transporte encontraram os três corpos. As três vítimas foram amarradas, amordaçadas e, segundo os primeiros indícios levantados pelos investigadores, assassinadas a golpes de arma branca.
A faca usada nos crimes foi encontrada e encaminhada para perícia.
A coordenadora do MAB teve a garganta cortada e apresentava marcas de lesões corporais – a polícia trabalha com a hipótese de que ela foi torturada. Ainda não se sabe a motivação do crime, que tem sido tratado pelos investigadores como execução.
A área onde Dilma vivia era uma antiga ocupação, mas já estava regularizada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) desde 2012 e, portanto, não é considerada oficialmente uma área em disputa.
Nenhum suspeito foi preso até o momento.
O sepultamento da militante ocorreu no final da tarde de sábado (23) em Monte Castelo (MA), município de origem da família.”
Mortes em conflitos no Campo
Segundo informações levantadas pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), órgão da Igreja Católica, o número de assassinatos decorrentes de conflitos no campo vem crescendo exponencialmente desde 2015, em 2017 a CPT registrou 70 assassinatos, entre eles quilombolas, indígenas, sem-terra, assentados e outros. Em 2017 o número representa 280% do registrado em 2009, quando registraram 25 assassinatos (valor mais baixo da série histórica levantada).
Só no estado do Pará foram registrados 21 assassinatos em 2017, seguido por Rondônia, com 17, Bahia, com 10 e Mato Grosso, com 09, como pode ser observado no gráfico abaixo.
As informações do ano de 2018 ainda não foram publicadas, deve sair em abril, mas ao que tudo indica os números não devem recuar.
*Os dados de assassinatos em conflitos do campo foram coletados do levantamento da CPT (Comissão Pastoral da Terra – Centro de Documentação Dom Tomás Balduino)
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