[Editorial] As ‘super-estudantes’ da pedagogia e o silêncio de Roselane

Hoje, pela primeira vez desde o início da greve, as estudantes de pedagogia puderam ver a reitora Roselane Neckel em uma de suas atividades. A reitora, que têm se negado a receber tanto as estudantes em greve, quanto os professores paralisados da pedagogia, presidia ontem (26/5) o Conselho Universitário durante a intervenção realizada pelas estudantes. No entanto, nada de novo: mais uma vez a truculência e o descompromisso com que a reitora tem tratado a greve da pedagogia ficou expressa.
As estudantes, vestidas com capas e brasões, representavam as “super-estudantes de pedagogia” – um ato criativo denunciando o perigo que enfrentam diariamente devido às precárias condições do Bloco A do CED. Durante cerca de cinco minutos estiveram no conselho manifestando o descaso da reitoria com o movimento. Durante cinco minutos, os únicos em que esteve frente a frente com as estudantes, Roselane não se pronunciou. Não dirigiu ao movimento grevista uma sílaba e durante a maior parte do tempo sequer olhou nos olhos das estudantes que há quase um mês vem lutando por condições dignas de estudo.
Seu silêncio já seria suficiente desrespeitoso. Não bastasse isso, no segundo seguinte ao que o movimento deixou o conselho, dirigiu-se aos conselheiros. Contou-lhes algumas dentre tantas desculpas que sua equipe vem dando aos movimentos e disse que o movimento está sendo recebido pelos pró-reitores. Tudo para justificar o injustificável, estudantes e professores em terríveis condições de estudo e trabalho em um prédio em situação calamitosa, estudantes e professores em greve e paralisação – respectivamente – e até então, nenhuma manifestação da reitora. Tudo para dizer que não recebeu e não irá receber os movimentos.
É com esse cinismo e truculência que o movimento legítimo da pedagogia vem sendo tratado. Fato é que a reitora só estava lá, pois estava em pauta a adesão da UFSC ao SISU. Por isso o desconforto, hoje não podia se esconder em seu gabinete. O silêncio durante o ato das estudantes e a fala em seguida aos conselheiros só demonstraram, como seu encastelamento no gabinete durante o CUn de semana passada[1], a escolha política conservadora de Roselane.
As desculpas do chefe de gabinete sobre a “concorridíssima” agenda da reitora apresentadas mais uma vez durante o conselho de unidade ampliado do CED semana passada caíram de vez. Tempo em seu cronograma há quando se trata de aplicar a agenda do MEC, como hoje no CUn, ou quando se trata de incentivar o empresariamento da Universidade, como por exemplo na inauguração do maquinário da WEG na Engenharia Elétrica[2]. Tempo para receber os movimentos que lutam pela Educação e pela Universidade pública, para receber as estudantes e professores de pedagogia não. Não há mais véus para esconder a face conservadora da gestão de Roselane.
[1] https://ufscaesquerda.com.br/editorial-roselane-e-a-porta-dos-fundos/
[2] http://noticias.ufsc.br/2015/05/curso-de-engenharia-eletrica-recebe-novos-conjuntos-de-equipamentos/

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