Foto: UFSC à esquerda
Redação de 13/08/2015
Quarta, 12 de Agosto, um acontecimento raro na universidade. No começo, parecia apenas um ato de produção coletiva e distribuição de cachorro quente, por estudantes, TAEs e docentes. Em pouco tempo não havia mais cadeiras para todos os que chegavam e se preparavam para saciar uma “outra espécie de fome”, era uma fome de participação, de debate, de política. O jeito era acompanhar em pé, ao fundo; ou sentado no chão mesmo, nos pequenos espaços que apareciam entre depoimentos, inquietações e propostas ousadas de uma Greve Unificada.
O prédio da Reitoria da UFSC, até então símbolo da submissão de nossas autoridades universitárias ao Governo, ganhava novo significado. Retomava-se a coragem de chamar cada coisa pelo seu nome, e enfrentar abertamente o falso discurso “temos condições de iniciar o segundo semestre” (imagem que Reitoria e Direções de Centro tentam passar).
Ante o ato irresponsável de se iniciar o novo semestre em condições tão precárias, uniram-se vozes divergentes dessa “normalidade cínica”. Estudantes, TAEs, professores e outros simpatizantes da educação pública chamaram e realizaram uma Assembleia Universitária da UFSC, para debater e encaminhar o “que fazer” diante desse cenário tão precário. Por algumas horas, mais de 400 pessoas partilharam as misérias dessa universidade, aquelas que as autoridades tentam esconder, desde a demissão de mais de 150 terceirizados até a negação das políticas de permanência a estudantes em situação de vulnerabilidade social. Dos seus encaminhamentos, foram acordados desde atos no Conselho Universitário até a realização de Assembleias por categoria/localidade, tendo no horizonte uma agenda de ações conjuntas e a construção de uma Greve Unificada. Na sequência, outra equipe de estudantes, TAEs e professores já se preparava para o cachorro quente que seria servido no turno da noite.
Bem sucedida, a Assembleia Universitária desses estudantes e trabalhadores disse ao que veio e desenhou seus próximos passos. Confiou a cada seguimento a tarefa revolucionária de organizar seus pares, para se engajar na luta contra o sucateamento da universidade pública. Possivelmente, os prepostos do Governo Federal terão de usar por mais algumas vezes aquela “porta dos fundos” no prédio da Reitoria.