Foto: UFSC à esquerda
UàE – 14.10.2015 – Redação
Como os leitores estão acompanhando, seguimos com a cobertura das eleições para a reitoria da UFSC, que tem primeiro turno previsto para o dia 21 de outubro. Hoje foi divulgado o vídeo da entrevista realizada no domingo, dia 11 de outubro, com o professor Luiz Carlos Cancellier de Olivo (CCJ), cuja candidata à vice é a professora Alacoque Lorenzini Erdmann (CCS). Sob a afirmação “A UFSC pode mais”, a chapa 82 coloca como objetivos o que entendem por excelência acadêmica e eficácia administrativa.
Na entrevista, o UFSC à esquerda (UàE) procurou abordar as polêmicas existentes no meio universitário e cobrar um posicionamento claro do candidato. Foram abordados temas como: a crise orçamentária e posicionamento de um reitor frente aos cortes; as greves; a distribuição de pesos entre as categorias na eleição para reitor; cooptação de entidades na campanha; EBSERH; segurança no campus, o regime jurídico único de contratações e políticas privatizantes na universidade. Durante mais de uma hora de entrevista foi possível conhecer as posições do candidato, contrapondo-as e buscando evidenciar as contradições presentes no discurso.
Cancellier não fez questão de apresentar diferenças substanciais de sua candidatura com a atual gestão. Isso porque não há nada de fundamental que os diferencie – ambos defendem grupos de poder diferentes dentro da UFSC, mas com o mesmo projeto de Universidade. Em vários momentos da entrevista Cancellier passa a mensagem de que pretende ser meramente um gestor da crise, e que irá implementar os projetos do governo federal independente de suas possíveis divergências, posições pessoais ou interesses da comunidade universitária.
Esta posição fica evidente quando o candidato se posiciona sobre a EBSERH, dizendo explicitamente que não respeitará a consulta pública realizada pela comunidade universitária. Tampouco demonstra interesse em garantir a manutenção do regime jurídico único (RJU) de contratação dos servidores. Pelo contrário, defende que o RJU não é fundamental, tanto no que diz respeito aos servidores técnicos administrativos em educação quanto aos servidores docentes.
No embalo de “fazer o que for necessário”, a candidatura Cancellier e Alacoque naturaliza os cortes orçamentários, defendendo como alternativa a captação de recursos com a iniciativa privada. Defendem as fundações e as parcerias público-privadas e demais políticas privatizantes da educação pública.
Em vários momentos da entrevista o candidato defendeu posições com o discurso de que “não há o que fazer, não está na ordem da realidade”, isentando-se do papel político do cargo de reitor e de sua importância perante a sociedade catarinense, reduzindo o cargo a de um mero gerente. É notório que o candidato está disposto a fazer a distribuição do orçamento reduzido, sem colocar os cortes em questão. Nestes termos Cancellier renuncia à dignidade do papel intelectual inerente à posição de um reitor de uma universidade federal, de resguardar a autonomia universitária e de se posicionar criticamente frente às politicas do governo federal. Sua opção é por se colocar como um gestor da crise.
No entanto, sobre a polêmica referente à segurança no campus, o candidato revela uma contradição no discurso, que pode indicar o apelo eleitoral que este tema encontra atualmente na comunidade universitária. Assume, apenas nesse caso, a necessidade de tomar uma posição firme, apesar de a própria polícia militar já ter apontado que o policiamento no campus não é o melhor encaminhamento para garantir a segurança da comunidade universitária. Sua postura visa iludir, quando afirma que há a possibilidade de uma resposta rápida e superficial que resolveria a questão da segurança, sem aprofundamento dessa problemática, tentado captar em sua candidatura o senso comum frente à questão. É evidente que sua defesa “insistente” busca ganhar o apelo do senso comum, mesmo que essa solução seja descabida e contrária a medidas realmente importantes no que diz respeito à segurança no campus.
Problematizar questões como a extinção de cargos a exemplo do de segurança do campus, a EBSERH, a contratação de professores por Organizações Sociais e demais medidas privatizantes, não aparecem como possibilidades de mudança para esta candidatura. São defendidas pelo candidato como únicas as alternativas presentes no “campo da realidade”. Naturaliza os limites colocados pelas políticas do governo federal, para que não haja oposição ao processo de precarização profunda do sentido público da universidade.
A candidatura Cancellier e Aloque deixa claro quais interesses defende: apesar de não querer expor-se de forma clara quando questionado sobre ser representante de velhas oligarquias universitárias, ou sobre o aparelhamento de entidades representativas como DCE e SINTUFSC. A chapa tenta se colocar como uma alternativa mais eficiente e conciliadora à atual gestão, mas em nenhum momento indica um projeto efetivamente diferente desta. Cancellier e Roselane Neckel são “Mais do Mesmo”, o que estão disputando é qual grupo político conservador sentará na cadeira.