Dia internacional da mulher
Imagem: 1º de maio de 1920 – Através dos escombros do capitalismo à irmandade mundial das trabalhadoras e trabalhadores comemoram o primeiro de maio. Poster do Gonotdel (seção de mulheres) diretório interno do Partido Comunista da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, dissolvido em 1930 pelo governo stalinista.

[Editorial] Os sentidos do dia 08 de março

Imagem: 1º de maio de 1920 – Através dos escombros do capitalismo à irmandade mundial das trabalhadoras e trabalhadores comemoram o primeiro de maio. Poster do Gonotdel (seção de mulheres) diretório interno do Partido Comunista da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, dissolvido em 1930 pelo governo stalinista.

 

Pensar no dia 08 de Março, Dia internacional da Mulher atualmente  tem um gosto amargo, desde as flores nas portas de lojas até ás campanhas publicitárias que nos fazem parar e refletir o porquê da comemoração desse dia. Como sorrir e agradecer quando nos parabenizam enquanto sabemos que o Brasil é um dos países mais violentos em relação a crimes contra mulher?  Os dados são reflexos de uma sociedade capitalista e patriarcal, sendo o dia 08 de março, nesse contexto, um dia de luta e de necessária reflexão sobre a importância da data de hoje e não um dia para comemorações.

Para retomar essa importância é necessário recuperar à consciência a história que a data carrega.  Há diversas narrativas sobre  sua origem: a do incêndio, a das mortes de mulheres, a da greve, todas elas se relacionam e se misturam, mas devemos destacar um nome importante nessa história, o de Clara Zetkin. Clara Zetkin foi uma professora, jornalista, sufragista e marxista alemã que propunha a união feminina na luta pelos seus direitos a partir de uma perspectiva socialista, também foi ela que propôs em 1910 o Dia da Mulher para que houvesse o reconhecimento e conscientização das pautas femininas.

O contexto histórico em que Zetkin estava inserida não só na Alemanha mas internacionalmente reafirmava sua luta.  Entre 1909 á 1911 ocorreu a greve geral juntamente com o incêndio em 25 de Março que deixou 147 mortos. Apenas 17 eram homens e o restante se dividiam entre mulheres e crianças, 90 delas morreram tentando escapar do incêndio se jogando pelas janelas. Grande parte delas eram imigrantes jovens que iam para Nova Iorque com a promessa de mudança de vida. Esses fatos abalaram e uniram a classe operária mundialmente, inspirando as lutas da classe trabalhadora que estariam por vir, não só no âmbito feminista mas no socialista.

O 8 de Março porém só fora demarcado como uma data importante para a luta feminista anos mais tarde, quando em 1917 operárias russas do ramo da tecelagem em São Petersburgo deflagraram greve pedindo apoio a outro setores, o que na visão de Trotski viria a impulsionar a Revolução de 1917. A data, que carrega em sua origem um significado de luta, sofre atualmente apropriações  que apagam a sua vinculação com a esquerda.

Àqueles que não reivindicam o sentido do dia 8 de março cumprem um papel perigoso de afogar a consciência de luta, o que é um retrocesso para o feminismo. O UFSC à Esquerda ressalta a importância de reivindicar o dia de hoje como um marco na luta feminista anticapitalista, antipatriarcal e socialista. E saúda todas as mulheres da nossa classe pelo dia de hoje.

A mulher é a proletária do proletário” 
Flora Tristan

Fontes: 8 de março: Conquistas e controvérsias – http://www.scielo.br/pdf/ref/v9n2/8643.pdf Às que vieram antes de nós: histórias do dia internacional da mulher –  http://blogdaboitempo.com.br/2016/03/07/as-que-vieram-antes-de-nos-historias-do-dia-internacional-das-mulheres/

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