Eleições Sintufsc ou “A política do medo”

Decorreu um longo processo para que uma chapa capaz de fazer oposição sindical à atual direção do Sintufsc surgisse. Processo marcado pela união e compartilhamento entre pessoas muito diferentes, mas dispostas a fazer uma experiência de organização política coletiva e que, certamente, marcará a vida política da nossa universidade. A coletividade e a solidariedade entre os trabalhadores da UFSC foram as marcas, desde o início, criando laços políticos e afetivos que foram percebidos e partilhados como um sonho, por muitos trabalhadores que há anos estavam desiludidos com a política sindical. Fazer política sindical na UFSC assim, com brilho nos olhos, é a imagem que vai ficar para os registros da nossa história. Nas atividades da campanha da chapa 1: passagens nos setores, conversas com os colegas TAEs, tendas no horário do almoço, foi possível ouvir muitos descontentamentos com a atual direção. E também ouvir alguns apoios velados a chapa de oposição. Apoios que não podiam ser explícitos, mas por quê? Certamente a forma de fazer política da chapa 2, com base em ameaças e chantagens jogaram importante papel. A chapa 1 foi chamada de inexperientes e acusada de não saber construir unidade. De fato, os membros da chapa 1 possuem a inexperiência em conviver com a desonestidade e jogo sujo, não estavam dispostos a construir unidade com governos, reitorias e velhos esquemas de poder. Muitos TAEs da UFSC não são livres, estão presos a relações de dependência e subordinação, e não só ao patrão, mas principalmente ao ‘sinhozinho’ do Sindicato. É uma política de medo, travestida de aspecto festivo. E ele continuará lá mais três anos, e só não fará o que bem entender porque existe uma oposição sindical de esquerda que marcará presença. O que, entendemos, abrirá o campo político em definitivo e nas próximas eleições essa será a última vitória desse setor, representantes do atraso. A chapa 2 foi eleita com um discurso sórdido: o de que através do diálogo com a reitoria e o governo será possível obter vitórias para a categoria. Essa tese é ao mesmo tempo um sintoma dramático do fracasso do sindicalismo e, por outro lado, uma armadilha que desmoronará sobre suas próprias cabeças. Na medida em que para o próximo ano 75% dos recursos da Pós-graduação e 45% dos recursos da educação superior devem ser cortados e a privatização das universidades avança no Governo ilegítimo do presidente-interino, Michel Temer, os ataques contra os trabalhadores do serviço público federal serão brutais. A Reitoria foi transformada, na última década, em braço do governo e será pelas suas mãos que medidas duras de destruição de cargos, defasagens salariais e o fim da estabilidade virão a ser implementadas na UFSC. Os trabalhadores precisavam estar melhor preparados pra tais lutas, mas infelizmente a falsa política do “diálogo” com o patrão, ganhou as urnas. Mas a chapa 1 nasceu também da convicção de que os trabalhadores da UFSC precisam de um sindicato forte e de que a reeleição da atual direção significa a continuidade da política de blindagem da reitoria do Cancellier. A proteção ampla e irrestrita da Reitoria, por sua vez, serve ao propósito de seguir com o aprofundamento do projeto de empresariamento da UFSC – cada vez mais atrelada aos interesses anti-públicos e cujas consequências serão dramáticas diante do ressecamento do orçamento federal. A continuidade da direção atual do Sintufsc não significará outra coisa, senão o apaziguamento e a política de gabinete. Caberá à categoria manter sua unidade para lutar, resistir e avançar – mesmo que para isso, precise lutar contra sua própria direção política e organizativa.   ]]>

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