Redação – 30/05/2015
Estima-se que em 73 Instituições Federais de Ensino Superior já tenha sido deflagrado processo de Greve de técnicos e/ou docentes1. Na UFSC, os técnicos definiram deflagração de Greve para 1.º de junho, integrando-se à Greve Nacional da FASUBRA (Federação dos Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas). Entre os docentes, ainda está em avaliação o processo de adesão à Greve Nacional do ANDES-SN (Sindicato Nacional dos Docentes de Instituições de Ensino Superior). E tal processo de Greves Nacionais da Educação já segue em uma crescente por aqui por causa das Greves estaduais e municipais, além da Greve Local no CED (Centro de Ciências da Educação).
Antecedendo os preparativos de Greve, técnicos e docentes da UFSC aderiram às paralisações em nível nacional do dia 29 de maio, chamadas contra o Projeto de Lei 4330 (terceirização) e as Medidas Provisórias 664 e 665 (retirada de direitos dos trabalhadores). Em Florianópolis, foram paralisados serviços como a coleta de lixo e o transporte público, e foram realizados atos no Centro da Cidade2.
Ainda dia 29, na UFSC, a direção do Centro de Ciências Biológicas (CCB) sofreu uma significativa derrota, ao tentar no Conselho da Unidade enquadrar seus representantes para votarem a favor da adesão da EBSERH no Conselho Universitário (CUn). Por maioria, o Conselho da Unidade manteve a posição da consulta pública e orientou que os representantes do CCB votem pelo “Não à EBSERH” no CUn.
Já a Reitoria da UFSC, com seu bloco de apoiadores, aproveitou-se do momento da paralisação para chamar às pressas uma reunião do CUn para aprovar em caráter de urgência a adesão da UFSC ao Sisu3 (Sistema de Seleção Unificada). Apesar das solicitações de adiamento da sessão, especialmente devido às dificuldades de deslocamento dos estudantes, a Reitoria manteve a sessão e cumpriu seu protocolo de execução fiel da política do MEC. A reunião transcorreu com um cínico clima de discursos do “fim do vestibular” e a “democratização do acesso à UFSC”. Nenhuma menção aos problemas oriundos da política de cortes do MEC, às Greves da Educação ou às paralisações.
Apesar do golpe baixo da Reitoria, findou-se a semana com uma boa notícia para a UFSC e as Greves da Educação. Datados de 28 de maio, os Ofícios Circulares n.º 5 e 6, sendo o primeiro assinado pela própria Reitora Roselane Neckel, demonstram que a Greve Local da Pedagogia impôs ao Roselanismo uma derrota significativa. Além de ter de reconhecer a legitimidade daquela Greve Local da Educação, a Reitoria teve de se dirigir à comissão de negociação do movimento grevista e apresentar os compromissos que pretende assumir com a Reforma do Bloco A do CED. Nem mesmo a Greve Local das 30 horas dos técnicos, de 2014, chegou a curvar a Reitoria desse modo. As palavras da Reitora revelam a força política da Greve do CED (transcrito do original):
Aos senhores membros da comissão de negociação do movimento grevista estudantil da Pedagogia e dos professores do curso de Pedagogia
Assunto: Reforma do Bloco A do CED
Senhores(as),
1. Em atenção ao item 4 do Ofício n° 4/2015-CN, afirmamos que a Administração Central da Universidade Federal de Santa Catarina se compromete com a compra dos materiais permanentes solicitados pelo Centro de Ciências da Educação (CED) por meio do Processo n° 23080.020956/2015-75. com a realização da reforma do Bloco A do CED e com a contratação de empresa para a realização de levantamentos e projetos executivos. Caso a empresa licitada não aceite a execução da reforma do Bloco A, será constituída, pelo Gabinete da Reitoria e pela Pró-Reitoria de Planejamento e Orçamento, uma comissão especial de engenheiros e arquitetos para a elaboração dos projetos seguindo o mesmo cronograma já apresentado.
Atenciosamente,
Prof.ª Roselane Neckel
Reitora
Referências
1. Correio Brazilense – Greve nacional de professores chega a 73 universidades do Brasil
2. DESACATO – Dia de paralisação nacional tem mobilização em Florianópolis
3. Notícias da UFSC – Conselho Universitário aprova adesão parcial ao Sisu