Texto republicado do Instagram da Associação de Professores da Universidade do Estado de Santa Catarina (APRUDESC).
A Associação dos Professores da Universidade do Estado de Santa Catarina (APRUDESC) repudia a instauração de sindicância para investigar as denúncias sobre o 10º Seminário Catarinense de Agroecologia, à Feira da Economia Solidária e da Agricultura Familiar, organizadas nos dias 13 e 14 de maio, em Lages, nas dependências da universidade.
A ação do reitor da UDESC, Dilmar Baretta, é um ataque à autonomia acadêmica em muitos aspectos. Primeiro, por priorizar os interesses de parlamentares e organizações ligadas ao agronegócio, que se sentiram incomodadas por conta do debate em âmbito universitário a respeito de alternativas sustentáveis para produção, distribuição e consumo de alimentos.
Discussões como essa são parte dos papeis atribuídos às universidades públicas, que devem proteger a liberdade de pensamento e a produção do conhecimento sob as bases da pluralidade. Segundo, porque nenhum dos integrantes presentes na comissão possui credenciais acadêmicas nas áreas social ou agronômica para avaliar o desenrolar dos debates e manifestações ocorridas durante o evento.
Além disso, o processo sigiloso não permite saber qual a origem e os critérios utilizados para compor a comissão, os temas em discussão e as referências para as decisões. Terceiro, porque a decisão do reitor deixa qualquer evento da UDESC sob o temor da censura e da perseguição. Com essa decisão, a reitoria presta o desserviço de instaurar um clima de coação e repressão às práticas democráticas e estabelece como referência propostas ignóbeis como a Escola Sem Partido. Um mecanismo de mordaça dentro e fora da sala.
A APRUDESC avalia que se Dilmar Baretta tivesse a mesma efetividade ao estabelecer a investigação para defender o reajuste do Valor Referencial de Vencimento (VRV) e do vale alimentação dos trabalhadores e trabalhadoras da UDESC, contribuiria muito mais para a valorização dos servidores da universidade e cumpriria de maneira qualificada o seu papel como gestor de uma das principais instituições de ensino do país.
A Associação acompanhará de perto o desenrolar das investigações e não permitirá que qualquer injustiça ocorra por parte de quem deseja ver a educação pública e de qualidade cada vez mais inacessível e sob o cabresto da ignorância.