Imagem: Ilustração “Educação em luto e na luta” – homenagem a Lucas Eduardo Araújo Mota
Hoje, durante a tarde, o estudante Lucas Eduardo Araújo Mota, de 16 anos, foi encontrado morto em uma das escolas estaduais ocupadas em Curitiba. Logo após a repercussão da notícia e sem qualquer informação a respeito do motivo da morte, uma série de ataques por parte da direita conservadora – tanto organizada no MBL, quanto por parte do governo do estado do Paraná, entre outras ações individuais – se intensificou ao movimento de ocupações, usando a morte como justificativa para alegar que o movimento é irresponsável e inseguro para os estudantes. É inaceitável que estes abutres do conservadorismo ao sentir o cheiro da tragédia, passem a utilizar politicamente a dor de colegas e familiares para oportunisticamente atingir seus interesses de frear o movimento secundarista.
Ainda que a escola estivesse ocupada há vinte dias e que mais de mil escolas estejam ocupadas em 19 estados do país, ainda que a juventude venha dando uma aula de resistência e responsabilidade na defesa do nosso futuro, construindo outras possibilidades para a escola que acreditam, só agora, e em cima deste fato, a grande mídia repercute notícias sobre as ocupações. O governo Richa, que ano passado atacou de forma truculenta as manifestações de professores em defesa da educação, o mesmo que pressionou o MEC para adiar o ENEM no estado como forma de deslegitimar o movimento e que tentou, autoritariamente, por meio de pedidos de reintegração intimidar o movimento, cinicamente, usa deste fato para falar de bom senso e segurança dentro dos movimentos de resistência.
Este mesmo governo do estado que concilia com o governo federal ativamente na precarização das condições de vida, estudo, saúde e segurança da nossa juventude, vem agora querer responsabilizar o movimento por um episódio trágico dentro de uma escola. É este governo, que mantém escolas e suas comunidades na escassez de dignidade quando violenta, cotidianamente, comunidades periféricas e movimentos em luta, com uso de força policial, que reivindica bom senso aos estudantes, numa tentativa repugnante de se esquivar da própria responsabilidade nesses fatos.
É de uma desumanidade e insensibilidade perversa usar a morte de um estudante em uma ocupação de escola como um argumento oportunista para tentar deslegitimar e criminalizar esse movimento. O UàE manifesta sua solidariedade à família do jovem vitimado e ao movimento de ocupações de escolas.