Helena Lima – Redação UàE – 29/05/202
Os residentes de primeiro ano em Florianópolis estão sofrendo com atraso do pagamento das bolsa-salário, em meio à pandemia do coronavírus, por erro do Ministério das Saúde, responsável pelos pagamentos.
A residência é um programa de pós-graduação destinado à especialização dos profissionais da saúde em áreas específicas, como nutricionistas e dentistas. Os residentes não possuem vínculo empregatício e direitos trabalhistas e recebem a bolsa-salário do Ministério da Saúde. Estes profissionais recebem cerca de R$3.300 para trabalhar 60 horas semanais com dedicação exclusiva.
O Ministério da Saúde alegou que o erro foi referente ao dígito verificador da conta bancária ou CPF inválido, que pode ter sido encaminhado incorretamente pelo residente ou pelas instituições de ensino. Os residentes de Florianópolis, no entanto, afirmam que isto é uma incoerência, porque alguns dos profissionais receberam a primeira bolsa em dia e tiveram atraso na segunda. Dessa maneira, entendem que o atraso é uma falta de comprometimento por parte do Ministério da Saúde e reiteram que casos como este se repetem por anos.
O atraso não é exclusivo da cidade de Florianópolis e atingiu 4,2 mil residentes de todo o país. O Ministério da Saúde prometeu, no dia 8 de maio, que as bolsas seriam regularizadas até no máximo dia 15 de maio. Em Florianópolis nem todos os residentes foram pagos ainda e o quadro deve ser semelhante no restante do país.
Os residentes de Florianópolis acordaram que, passando do dia 15, se permanecessem sem bolsa, iniciariam uma paralisação por tempo indeterminado. Com a permanência do atraso, 58 profissionais da capital entraram em paralisação a partir do dia 18 de maio. Ainda na semana passada, 38 dos residentes tiveram o pagamento regularizado, depois de dois meses de atraso; 3 deles ainda não receberam.
No dia 21 de maio, os residentes realizaram um ato em frente à Catedral Metropolitana de Florianópolis. “De forma segura, com distanciamento e máscaras, os residentes reivindicaram o que é de direto: a bolsa-salário” relataram em sua página do Instagram.
O ato do dia 21 foi organizado a nível nacional pelo Fórum Nacional de Residentes em Saúde (FNRS). Em Brasília, os residentes realizaram ato em frente ao Ministério da Saúde e estão em greve desde o dia 11 de maio. O movimento afirmou, por meio de nota:
“Como efeito de problemas estruturais, é justamente durante a pandemia do covid-19, quando tanto se exige da força de trabalho e dedicação das categorias atuantes na assistência e gestão em saúde, que se revela um significativo conjunto de casos em que não foi respeitada a condição básica da remuneração por período de trabalho”