Luiz Costa – Redação UàE – 23/11/2018
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, anunciou na quinta-feira (22) que o Ministério da Educação ficará a cargo do colombiano Ricardo Vélez Rodríguez. A decisão foi tomada logo após a bancada evangélica recusar o diretor do Instituto Ayrton Senna, Mozart Neves, ao cargo.
Entusiasta do projeto Escola sem Partido, Ricardo é professor emérito da Escola de Comando do Estado Maior do Exército. Segundo o futuro ministro, seu nome havia sido indicado pelo dito filósofo Olavo de Carvalho.
Ricardo acredita que o marxismo cultural se alastrou no país principalmente nos anos de governo do Partido dos Trabalhadores. Em seu blog, ele profere que os brasileiros são “reféns de um sistema de ensino alheio às suas vidas e afinado com a tentativa de impor, à sociedade, uma doutrinação de índole cientificista e enquistada na ideologia marxista, travestida de ‘revolução cultural gramsciana’, com toda a corte de invenções deletérias em matéria pedagógica como a educação de gênero”.
No texto intitulado “Um roteiro para o MEC”, ele prescreve uma tarefa essencial para o ministério: “recolocar o sistema de ensino básico e fundamental a serviço das pessoas e não como opção burocrática sobranceira aos interesses dos cidadãos, para perpetuar uma casta que se enquistou no poder e que pretendia fazer, das Instituições Republicanas, instrumentos para a sua hegemonia política”.
A nomeação de Ricardo, aclamado pelos evangélicos, se choca com o interesse dos setores liberais, que viam na figura de Mozart Ramos, do Instituto Ayrton Senna, um nome mais qualificado para atuar em consonância com os interesses do mercado.
Com vitória do setor conservador, a escolha do nome para ocupar a pasta da educação mostra mais uma vez a disputa que há dentro da coligação do futuro governo Bolsonaro.
Reformas educacionais em andamento, como a Base Nacional Comum Curricular, podem sofrer novas alterações que visam direcionar o ensino brasileiro ainda mais ao interesse dos conservadores.