Feirantes fecham a EPIA Norte em frente ao CEASA em protesto de apoio à paralização dos caminhoneiros. (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

[Notícia] Caminhoneiros anunciam possibilidade de greve da categoria

Imagem: Feirantes fecham a EPIA Norte em frente ao CEASA em protesto de apoio à paralização dos caminhoneiros. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil.

Maria Alice de CarvalhoRedação Universidade à Esquerda – 17/06/2021

Wallace Landim, presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), mais conhecido como “Chorão”, afirmou na noite de ontem (16) a possibilidade de uma greve dos caminhoneiros frente à cada vez maior precarização da categoria e às promessas não cumpridas pelo governo de Bolsonaro (sem partido).

A declaração de Wallace foi realizada em entrevista ao UOL News.

“As promessas feitas pelo governo Bolsonaro não foram cumpridas e os caminhoneiros estão em situação pior que 2018”, declarou Chorão, fazendo menção à última grande greve organizada pelos caminhoneiros que parou o país.

Em janeiro deste ano, uma parcela dos caminhoneiros começou a mobilizar a categoria para a construção de uma paralisação nacional no dia 1º de fevereiro, frente a uma série de reivindicações relacionadas às suas condições de trabalho. 

O governo de Bolsonaro, à época, anunciou um pacote de medidas como forma de contenção da greve, dentre as quais a inclusão dos caminhoneiros no grupo de prioridade na vacinação contra a Covid-19, a eliminação de impostos federais sobre o combustível (a tarifa foi zerada em abril e voltou a ser cobrada a partir de maio), uma linha de crédito acessível e o controle do preço do diesel.

Corridos já cinco meses, as promessas não foram cumpridas pelo governo. “A gente vem participando de muitas reuniões no governo e nada. Nós temos várias situações, uma delas é referente à vacina. A gente está no grupo prioritário desde janeiro, mas até agora a gente não foi imunizado”, afirmou Wallace.

Uma outra promessa foi a linha de crédito criada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A proposta era de que seria disponibilizado aos caminhoneiros autônomos um empréstimo no valor de R$500 milhões de reais para manterem seus veículos. Quanto a isso, Wallace declarou não conhecer “nenhum caminhoneiro que pegou [empréstimo]. A vigência terminou agora. Eu pedi, mandei ofício para o Ministério da Economia. E o Ministério da Economia nem sequer me retornou. Conversamos com vários setores financeiros, esse plano nunca existiu. Estão fazendo marketing em cima da categoria”.

A promessa de controle do preço do diesel, por exemplo, sequer poderia ser cumprida pelo governo, tendo em vista o avanço das privatizações sobre a Petrobrás e a política de atrelamento dos preços ao mercado internacional. Tendo a declaração sido utilizada pelo governo apenas como forma de contenção da radicalidade do movimento dos caminhoneiros.

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Atualmente, várias associações e sindicatos da categoria voltam a se mobilizar para organizar suas reivindicações.

O presidente do Sindicato dos Transportes Autônomos de Três Cachoeiras (RS), Jair Marques, declarou que a categoria está decepcionada e trabalhando em condições precárias. “Estamos voltando a nos mobilizar para buscar formas de fazer valer nossas reivindicações”, disse ele.

O diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), Carlos Alberto Litti, também se manifestou: “Queria perguntar o que o presidente Bolsonaro fez pela categoria”. Atualmente, a CNTTL conta com mais de 800 mil associados.

Litti relembrou que, atualmente, o preço do litro do diesel está em média no valor de R$4,20 para mais, e que o estopim da greve de 2018 ocorreu quando o valor chegou a R$2,83. “Só os fanáticos não enxergam que a situação está dramática”, disse ele.

Apesar do recuo que ocorreu nas mobilizações da categoria em fevereiro, Litti acredita que é viável tentar novamente a construção de uma greve. “Se os caminhoneiros avaliarem que a situação não é ideal, é preciso que todos se unam e só tem um caminho, que é a greve (…) Nenhum governo, seja de esquerda ou direita, se move se não houver alguma pressão”, disse ele.

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