José Braga – Redação UàE – 26/11/2018
Neste domingo, 25 de novembro, migrantes da caravana foram reprimidos por forças militares na fronteira com os Estados Unidos. Durante uma manifestação da caravana que ocorria na cidade de Tijuana no México, um grupo tentou cruzar a fronteira e pular o muro que a separa dos Estados Unidos e foi reprimida com balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo disparadas por helicópteros militares.
A chefia da patrulha de fronteira declarou a rede TeleSur que um grande grupo conseguiu atravessar a vala (sim, uma vala) que separa a fronteira entre os dois países, e que destes 42 pessoas foram detidas. Outras 98 pessoas foram deportadas pelas autoridades mexicanas nesta segunda-feira de acordo com o Instituto Nacional de Migração do México.
No vídeo registram-se algumas cenas da repressão na fronteira neste domingo, 25 de novembro. Publicado originalmente por Jasmin Natalie.
Entenda: uma caravana de migrantes, que teve início na cidade de San Pedro de Sula em Honduras tem marchado desde outubro em direção aos Estados Unidos. A marcha teve início com cerca de 2.000 pessoas que saíram da cidade buscando fugir do desemprego e da violência que assolam o país, e no percurso juntou mais milhares de migrantes principalmente de Honduras, El Salvador e Guatemala.
Muitos dos centro-americanos buscam não apenas migrar, mas pedir asilo nos Estados Unidos. Em Honduras, desde o golpe que em 2009 depôs o presidente Manuel Zelaya, a violência e perseguição a militantes e jornalistas cresceu gravemente.
A estimativa de quantas pessoas aderiram a caravana é imprecisa, pois a caravana se separou em alguns trechos – especialmente nas fronteiras com Guatemala e México. Mas, cerca de 5.000 migrantes estão abrigados na cidade de Tijuana e espera-se que cerca de mais 4.000 possam chegar a cidade nos próximos dias.
Os migrantes que saíram de San Pedro de Sula percorreram até Tijuana aproximadamente 4.000 Kilometros. Uma caminhada que por si mesma é cheia de percalços enfrentou repressão dos Estados pelos quais tem passado: na saída de Honduras, na fronteira com Guatemala, na fronteira com México e agora nos Estados Unidos (EUA).
No dia 28 de outubro foi confirmado o falecimento do jovem Henry González, participante da caravana. Henry tinha 26 anos e foi atingido por uma bala de borracha na cabeça disparada pela Polícia Federal Mexicana, enquanto um grupo da caravana tentava cruzar a ponte internacional sobre o rio Suchiate, que liga México e Guatemala.
O presidente dos EUA, Donald Trump, tem desde outubro feito declarações de hostilidade aos migrantes. Trump declarou à CNN que autorizou o uso de força letal para evitar que os migrantes acessem a fronteira, e ainda afirmou que a caravana era formada por cerca de “500 criminosos e pessoas rudes”.
Além das declarações xenófobas, o governo dos EUA mobilizou 5.200 militares para fronteira, além do uso de drones, helicópteros com visão noturna e sensores de movimento na fronteira. Não bastasse isso o jornal The Washington Post denunciou a formação de milícias civis estadunidenses armados na fronteira que tem declarado atuar para impedir a entrada dos migrantes.
No episódio deste domingo, os migrantes faziam uma manifestação pedindo pela autorização da entrada e do asilo. Segundo o jornal mexicano La Jornada, a manifestação chegava a guarita da fronteira quando um grupo da policia federal mexicana tentou impedir a marcha. De acordo com o diário, com a tentativa de reprimir a manifestação a polícia se descuidou das entradas da fronteira e um grupo de migrantes se desgarrou e tentou cruzar.
A repressão tanto da polícia federal mexicana quanto da patrulha de fronteira dos EUA foi dura. Não há ainda estimativa de feridos. Sabe-se que, Rubén Figueroa, ativista do movimento Migrante MesoAmericano foi atingido por uma bomba de gás-lacrimogêneo, foi atendido e hoje está bem.
O drama humano da caravana continua. As autoridades mexicanas tem afirmado que já são cerca de 25.000 solicitações de refúgio/asilo nos EUA.