Ato em memória aos assassinados na chacina de Pau D'Arco no Pará
Foto: Marabá/PA, 24 de maio de 2017, ato em solidariedade aos familiares e às vítimas do Massacre de Pau D'arco.por Comissão Pastoral da Terra

[Notícia] Chacina no Pará: 10 trabalhadores sem-terra assassinados

Foto: Marabá/PA, 24 de maio de 2017, ato em solidariedade aos familiares e às vítimas do Massacre de Pau D’arco.por Comissão Pastoral da Terra

José Braga – Redação UàE – 25/05/2017

 

Na manhã de ontem, dia 24 de maio, 10 trabalhadores (9 homens e uma mulher) foram  mortos pela ação da Polícia Militar no munícipio de Pau D’Arco no Pará. Os trabalhadores participavam da Liga dos Camponeses Pobres (LCP) e lutavam junto a 80 famílias para que a Fazenda Santa Lúcia fosse destinada à Reforma Agrária.

A Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (SEGUP) do Governo do Pará, alega que os policiais cumpriam 14 mandatos de prisão no local referentes à morte de um segurança privado da Fazenda Santa Lúcia e teriam sido recebidos à tiros pelos trabalhadores mortos.

A Comissão Pastoral da Terra, que repercutiu as denúncias desde a tarde de ontem diz que ação teria ocorrido em função de uma reintegração de posse expedida pelo Juiz da Vara Agrária de Redenção. De acordo com a Comissão, com a chacina de Pau D’Arco já se somam 36 mortes em conflitos no campo no Brasil em 2017.

O Ministério Público Federal, o Ministério Público Estadual do Pará, e a Polícia Federal foram acionados para investigar a chacina. O Conselho Nacional de Direitos Humanos anunciou hoje que irá ao Pará para acompanhar a perícia e as investigações.

Em nota a LCP afirma que o discurso da Polícia e da SEGUP é mentiroso, a chacina teria ocorrido “em vingança a morte de um suposto pistoleiro que morreu na região”.  De acordo com a Liga teriam sido 11 mortos e 14 baleados durante a ação. A liga denúncia ainda que as terras da Fazenda Santa Lúcia são griladas: “E depois de muitas reuniões, fechamentos de BR´s, audiências públicas e etc., ficou comprovado que, dos seus 800 alqueires, somente 200 eram documentados. Os outros 600 alqueires são terras do Estado.”

Dentre os mortos está Jane Julia de Oliveira, que era presidente da Associação dos Trabalhadores Rurais de Pau D’Arco. De acordo com o portal G1, o Centro de Perícias Científicas Renato Chaves divulgou hoje uma lista confirmando a identidade dos dez mortos encontrados no local. Além de Jane, as vítimas da chacina são: Weldson Pereira da Silva, Nelson Souza Milhomem, Weclebson Pereira Milhomem, Ozeir Rodrigues da Silva, Regivaldo Pereira da Silva, Ronaldo Pereira de Souza, Bruno Henrique Pereira Gomes, Antonio Pereira Milhomem e Hércules Santos de Oliveira.

Nenhum policial foi ferido.

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