Luiz Costa – Redação UàE – 23/05/2018
Professores, funcionários técnico-administrativos e estudantes da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) discutem a possibilidade de greve nas instituições. A mobilização começou após o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp) oferecer reajuste de 1,5% nos salários dos docentes e técnicos das universidades.
As categorias reivindicam um aumento de 12,6 a 16% nos salários, a fim de corrigir uma defasagem estimada desde maio de 2015. O Fórum das Seis – que reúne os sindicatos de docentes e servidores técnico-administrativos e representações estudantis das universidades estaduais paulistas – indicou que a comunidade acadêmica das três instituições entre em greve a partir de 29 de maio.
A fim de repor o poder aquisitivo do mês de maio de 2015, o Fórum das Seis aponta para a necessidade de um reajuste de 12,6% para USP e Unicamp, e de 16% para a Unesp. A diferença de valores para a Unesp decorre do não pagamento do reajuste por parte do reitor da instituição em 2016.
Segundo o boletim do fórum desta segunda-feira (21), “a proposta de reajuste salarial de 1,5%, feita pelos reitores durante a negociação de 17/5/2018, repõe uma ínfima parte da inflação que deixamos de receber nos últimos três anos. Para recompor o poder aquisitivo que tínhamos em maio/2015, de acordo com o ICV/Dieese, seria necessário um índice de 12,66% na USP e na Unicamp, e de 16,04% na Unesp. Não estamos falando, portanto, de nenhum aumento real, mas apenas de reposição da inflação.”
“O salário é apenas uma das dimensões de luta, que é a luta contra o desmonte das universidades estaduais paulistas. Os reitores querem mudar o caráter das universidades, privatizando e usando o arrocho salarial como forma de financiar as instituições. Eles não têm sequer a coragem de lutar por mais recursos para as universidades, apenas de adaptam aos poucos recursos destinados pelo governo e pela Assembleia”, critica João Chaves, docente da Unesp e coordenador dos Fórum das Seis.
No dia 29, os reitores da Unicamp e da USP irão consultar os Conselheiros Universitários sobre o novo índice. Uma nova reunião com o Cruesp está marcada para quarta-feira da semana que vem (30).
“O arrocho salarial a que estamos submetidos é uma das várias dimensões do processo de deterioração a que estão submetidas as nossas universidades. Elas estão sob sério risco porque não se contratam servidores docentes e técnico-administrativos em número adequado para o seu pleno funcionamento. As reitorias têm tomado iniciativas de contenção de gastos quase que exclusivamente com a folha de pagamento. As carreiras estão congeladas. Os reitores têm acenado com a criação de cursos de primeira formação à distância, alguns já aprovados e em vias de implantação. Tudo isso sem nenhuma preocupação com crescente precarização do trabalho dos servidores docentes e técnico-administrativos, nem com as consequências disto para as atividades de docência, pesquisa e extensão”, argumenta o boletim do fórum.
Funcionários técnico-administrativos da Unicamp em greve
Funcionários técnico-administrativos da Unicamp entraram em greve nesta terça-feira (22) como forma de se opor a proposta dos reitores das universidades estaduais paulistas.
O sindicato dos Trabalhadores da instituição (STU) realizaram uma passeata nesta quarta-feira (23) e organizaram uma reunião para discutir os próximos passos da greve. A Unicamp tem 8,5 mil funcionários técnico-administrativos, a greve visa ampliar a participação dos funcionários.
A greve já tem participação de parte dos funcionários das creches e laboratórios. Cinco bibliotecas da área de humanas estão fechadas, além da Biblioteca central da instituição. Os docentes da Unicamp planejam assembleia para a tarde de quinta-feira (24) para avaliar a possibilidade de greve da categoria.