Imagem: Ilustração da logo do DCE – Luís Travassos/UFSC.
Maria Alice de Carvalho – Redação UFSC à Esquerda – 15/10/2020
Os estudantes da UFSC encontram-se, no momento, já no segundo mês de experiência com o ensino remoto. Desde o início dessa modalidade de ensino, os Centros Acadêmicos (CAs) e Diretório Central dos Estudantes (DCE) não se reuniram sequer uma vez em Conselho de Entidades de Base (CEB) para debater quais têm sido as consequências da adoção dessa modalidade na universidade.
O CEB é a instância que reúne todos os Centros Acadêmicos e Diretório Central dos Estudantes da UFSC, com o objetivo de debater e deliberar sobre as questões do movimento estudantil, Universidade e da sociedade como um todo. O CEB está abaixo, apenas, das Assembleias Estudantis, sendo superior à própria gestão do DCE.
Desde a suspensão das aulas na UFSC, em 16 de março, as entidades de base reuniram-se em apenas cinco sessões de CEB. Nessas sessões, foi debatido sobre processo eleitoral e adiamento da atual gestão do DCE e, nos momentos em que debateu-se conjuntura e adoção do ensino remoto na UFSC, as entidades decidiram por ser favoráveis a adoção dessa modalidade durante a pandemia.
Foi rejeitada pela maioria dos CAs e pelo DCE, por exemplo, a proposta de atividades complementares nesse período. A grande maioria das gestões das entidade não se propôs a pensar qualquer outra alternativa para a Universidade em um momento de crise sanitária, que não o “retorno ao normal” através da modalidade remota.
A última reunião do Conselho ocorreu no dia 23 de julho, ou seja, há quase três meses atrás. Durante esse período de ausência das entidades, os estudantes experienciaram as “preparações” para a adoção do ensino remoto e sua já efetivação — que ocorreu a partir do dia 31 de agosto.
Cotidianamente, presencia-se nas redes sociais relatos de quão trágica tem sido essa experiência, de como ela tem fracassado. A frustração dos estudantes é visível. Os estudantes relatam os problemas da flexibilização extrema do ensino, as aulas que passaram a se resumir em atividades do moodle, demonstram insatisfação com a sobrecarga, com o vazio de conteúdo e com os problemas técnicos que inviabilizam o que deve ser uma aula universitária. E a evasão de estudantes se comprova.
Porém, mesmo diante de todas essas questões, as entidades responsáveis por reunir os estudantes e elevar ao máximo as discussões sobre o ensino remoto e suas consequências permanecem sem se articulação entre si.
A falta de reuniões entre as entidades de base parece sinalizar um processo de arrefecimento do movimento estudantil na instituição, mesmo em um momento tão crítico e duro para a instituição e toda sua comunidade universitária.
O CEB, por reunir todas as entidades de base, deve ser um importante instrumento para que estas possam pensar, de forma aprofundada, as políticas para o movimento estudantil.