Edição UàE a partir da foto de Isac Nóbrega/Fotos Públicas.

[Notícia] CPI da Covid: Covas diz que o Brasil poderia ser pioneiro na vacinação

Imagem: Edição UàE a partir da foto de Isac Nóbrega/Fotos Públicas.

Publicado originalmente em Universidade à Esquerda.

Morgana Martins – Redação UàE – 27/05/2021

O presidente do Instituto Butantan, o médico Dimas Covas, é a décima pessoa a ser ouvida pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, que investiga as ações e omissões do governo na pandemia. Covas afirmou hoje que o Brasil poderia ter sido o primeiro país a começar a vacinação se o Butantan não tivesse tido entrave nos contratos com o Ministério da Saúde (MS).

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Covas expôs o quanto o governo de Jair Bolsonaro demorou para adquirir as vacinas CoronaVac, fabricadas pelo órgão público de São Paulo em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac. O relato preliminar já estava delineado em documento de posse da CPI do Senado.

No documento entregue à CPI, o presidente do Butantan disse que somente no dia 7 de janeiro de 2021 é que o contrato das 46 milhões de doses foi firmado entre o Ministério da Saúde (MS) e o Butantan; as negociações começaram em julho de 2020.

Em agosto, o instituto reforçou a oferta de doses e pediu ajuda financeira do governo para os estudos clínicos que estavam em desenvolvimento e para a criação de uma fábrica de vacinas para Covid. Não houve nenhuma ajuda financeira para isso por parte do MS.

Em outubro houve uma resposta do MS, segundo Covas, e no dia 7 daquele mês o instituto fez uma nova oferta, de 100 milhões de doses, das quais 45 milhões seriam produzidas no Brasil. A partir daí havia expectativa de que poderiam evoluir, mas o processo não teve continuidade, nem as conversas de negociação.

Em seu depoimento, o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que as falas de Bolsonaro não haviam interferido nas negociações. Entretanto, Covas disse que havia um documento que era um compromisso para compra, mas depois de o presidente Jair Bolsonaro dizer que mandou cancelar o contrato, ainda em outubro, esse compromisso ficou em suspenso.

No dia 21 de outubro do ano passado, Bolsonaro rejeitou a compra das vacinas dizendo que não compraria a vacina da China em suas redes sociais.

Em suma, segundo o diretor do Butantan, as dificuldades impostas pelo governo federal nas negociações atrasaram a vacinação de milhões de brasileiros. O Brasil poderia ter sido  um dos primeiros a começar a vacinar, junto com os países que produziram vacinas próprias.

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