Maria Alice de Carvalho – Redação UàE – 23/05/2018 (- Atualizado em 25/05/2018 às 16:37) Devido à crise financeira que vive a Universidade de Brasília (UnB), a empresa terceirizada responsável pelo setor de limpeza da universidade demitiu 132 funcionários terceirizados na manhã do dia 16/05, quarta-feira. Ainda, outros 40 trabalhadores, com aviso prévio de demissão, só trabalham até o dia 30 de maio. Os servidores terceirizados, diante dessa situação, deliberaram em assembleia, na terça-feira (17/05), manter a greve que iniciaram já no dia 24 de abril. As demissões realizadas pela empresa terceirizada estão relacionadas, como afirmou a reitoria da Universidade em nota, com a situação orçamentária na qual se encontra a UnB:
“Apesar dos esforços da Universidade de Brasília – UnB no sentido de impactar o mínimo possível os postos de trabalho, a empresa contratada informou que precisará realizar a dispensa de 135 trabalhadores. A UnB lamenta esse fato, decorrente das restrições orçamentárias que está enfrentando. O aditivo está em conformidade com os critérios de qualidade estabelecidos pelo Ministério do Planejamento e pautou-se por estabelecer um cronograma que otimiza a frequência e a metragem das áreas que necessitam de limpeza para evitar qualquer sobrecarga de serviço para os trabalhadores e, ao mesmo tempo, assegurar o bem-estar de alunos, professores, técnicos e das pessoas que circulam nos espaços da Universidade.”
A crise orçamentária da Universidade, que ocorre desde julho de 2017, se dá, segundo o grupo de estudantes que ocupa a reitoria desde o dia 12 de abril, por conta do congelamento de gastos previstos pela PEC 55, a qual limita os gastos federais à inflação do ano anterior. De acordo com a decana de Planejamento e Orçamento da UnB, Denise Imbroisi, o congelamento, motivado pela PEC do teto de gastos, é de R$ 58 milhões, dos R$ 168 milhões que a universidade arrecadou com aluguel de imóveis próprios, entre outras receitas. Diante disso, medidas de austeridade, como aumento do preço do Restaurante Universitário e demissões de estagiários foram tomadas pela Universidade. O valor de R$ 58 milhões que irá para os cofres da União é justificado pelo governo como medida para diminuir o déficit das contas públicas, porém, de acordo com a UnB, os R$ 110 milhões que podem ser utilizados pela Universidade representam apenas 64% dos gastos previstos para 2018, e que até dezembro as faturas devem somar R$ 214 milhões, ou seja, a previsão é de que a instituição terminará o ano no vermelho, com um déficit de R$ 92,3 milhões. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília (Sintfub), já são mais de 530 demissões apenas nos últimos 10 dias. Em agosto do ano passado, 128 funcionários também foram demitidos, após redução de R$ 700 mil no contrato entre a empresa terceirizada, RCA, e a UnB. Além da demissão de servidores pela empresa terceirizada, a UnB prevê, ainda, a demissão de até 1,1 mil estagiários e a redução de contratos de terceirização em 15%. Em 30 de maio, será feito o desligamento de todos os estagiários remunerados do quadro funcional, que trabalham em atividades administrativas, Biblioteca Central e UnB TV, entre outros setores; com isso, 1.100 estagiários serão desligados. A greve dos servidores terceirizados permanece sem previsão de acabar e as Universidades Federais Brasileiras começam a sentir o impacto da política de contenção de gastos feita pelo Governo Temer. ]]>