Imagem de divulgação do debate
Clara Fernandez – Redação UàE – 23/03/2022
No dia 15 de fevereiro a cidade de Petrópolis padeceu com inundações e deslizamentos que resultaram em mais de 200 vítimas fatais e desaparecidos que não foram encontrados até o momento, além de destruir a moradia e os bens de incontáveis famílias de trabalhadores e trabalhadoras.
Neste último final de semana, novas enchentes na cidade vitimaram ao menos cinco pessoas e deixaram novos desaparecidos, levando inclusive as cruzes que foram instaladas em homenagem aos mortos do primeiro incidente.
Em Janeiro deste ano o sul da Bahia e Minas Gerais também foram fortemente atingidos por tragédias ambientais de grande proporção, até mesmo com novas ameaças de rompimentos de barragens em meio às fortes chuvas que atingiram os dois estados. Já a grande São Paulo teve 21 vítimas fatais decorrentes de chuvas e deslizamentos no final do mês.
Episódios como os de enchentes, inundações, enxurradas, deslizamentos, contaminações a partir do solo, entre outras envolvidas na infraestrutura urbana são recorrentes em diversas regiões do Brasil, não apenas com grandes tragédias como temos acompanhado neste início de ano, mas também com uma série de eventos menores que por vezes ganham pouca repercussão.
A equipe técnica do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) registrou 516 alertas de risco de desastres de origem geo-hidrológica nos 1.058 municípios monitorados pela instituição no país. Desse total, 163 concretizaram-se em ocorrências. Em 2020 foram registrados 539 alertas, com 103 ocorrências concretizadas.
A recorrência de tragédias de menor alcance anualmente e de grandes tragédias que por vezes se repetem com um intervalo de anos ou décadas em certas localidades expressam como esses incidentes não são apenas fruto das mudanças nas condições climáticas, nem das escolhas individuais de local de moradia por parte das populações de suas localidades. Esses eventos explicitam as desigualdades que fazem parte do projeto que o capital impõe para a forma como as cidades se organizam.
Para refletir de forma mais ampla sobre esses eventos, sobre como as cidades se organizam para receber ou expulsar os trabalhadores de certas localidades, para oferecer ou deixar de ofertar adequada infraestrutura urbana, entre outras problemáticas envolvidas na crise ambiental e urbana que ocorre no Brasil, convidamos a todos para um debate junto do Professor Doutor Cláudio Ribeiro, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O evento será realizado no dia 05 de Abril, às 19h, de forma online, no canal do Youtube da Escola de Formação Política da Classe Trabalhadora Vânia Bambirra.
Cláudio Ribeiro é colunista do Universidade à Esquerda, você pode acompanhar as contribuições do professor para importantes debates sobre a realidade brasileira clicando aqui.