Por Maria Alice de Carvalho da redação do UàE – 07/12/2017
Na manhã desta quarta-feira (06 de dezembro), a Polícia Federal de Minas Gerais, com apoio da Controladoria Geral da União (CGU) e Tribunal de Contas da União (TCU), deflagrou a Operação Esperança Equilibrista na Universidade Federal de Minas Gerais, na qual foram cumpridos oito mandados judiciais de condução coercitiva e onze de busca e apreensão.
Entre os alvos da condução coercitiva, estavam o Reitor Jaime Arturo Ramirez, a Vice-Reitora Sandra Regina Goulart Almeida, as duas Ex-Vice-Reitoras Rocksane de Carvalho Norton e Heloisa Gurgel Starling, o presidente da Fundep (Fundação de Desenvolvimento e Pesquisa) Alfredo Gontijo de Oliveira, uma das responsáveis no Memorial da Anistia Silvana Cozer, e ainda duas funcionárias da Fundep.
A Operação da PF, intitulada Esperança Equilibrista, investiga o suposto desvio de dinheiro público na construção do Memorial da Anistia Política do Brasil, a qual é financiada pelo Ministério da Justiça e executada pela UFMG.
Segundo a polícia, mais de R$ 19 milhões foram gastos na construção e em pesquisas de conteúdo, e cerca de R$ 4 milhões foram desviados do dinheiro enviado à Universidade através de fraudes em pagamentos realizados pela Fundep. Ainda segundo a polícia, os desvios foram executados principalmente no pagamento de fornecedores e colaboradores sem relação com o projeto e em pagamento de bolsas de estágio e extensão que não foram feitas aos bolsistas mas sim desviadas para outras cotas.
Diante do ocorrido, entidades acadêmicas, sindicatos e ex-reitores reagiram em forma de protesto à Operação da PF e, ainda, relembraram o ocorrido com o Reitor da UFSC, Luiz Carlos Cancellier de Olivo, na Operação Ouvidos Moucos.
Na quarta-feira após ação da PF na Universidade, professores, servidores e estudantes da UFMG realizaram protestos em frente à superintendência da PF, pela manhã, e no campus, pela tarde.
Oito ex-reitores e três ex-vice-reitores assinaram um comunicado no qual repudiam o uso de condução coercitiva e a brutalidade e desrespeito com o qual foram tratados os dirigentes e servidores da Universidade [1]. O Coordenador-geral do Diretório Central dos Estudantes da UFMG, Alexandre Lopes Boaventura Cunha, manifestou-se declarando como agressiva a abordagem da polícia federal e que o entristece que esta não tenha aprendido com o ocorrido na UFSC.
O Sindicato dos Professores de Universidades Federais (Apubh) manifestou-se em uma nota [2], na qual condenou o uso de força bruta e associou o ocorrido na UFMG com o ocorrido na UFSC, fazendo menção inclusive ao espetáculo midiático envolvido no caso; o que foi manifestado, também, pelo Sinpro Minas (Sindicato dos Professores de Minas Gerais), que indicou a operação como de “viés político e mercadológico”.
Dentre os Sindicatos que se manifestaram, estava também a presidente da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT-MG), Beatriz Cerqueira, a qual apontou que a Operação Esperança Equilibrista foi de caráter político em ataque à instituição. Ainda, deputados de Minas Gerais discutiram a realização de uma Audiência Pública para saber quais foram os motivos da condução coercitiva, caracterizando a ação da PF como arbitrária e abusiva.
A Operação Esperança Equilibrista, intitulada – ironicamente – em homenagem ao Hino da Anistia “O Bêbado e a Equilibrista” de Aldir Blanc e João Bosco, foi caracterizada pelas entidades que se manifestaram como mais um dos episódios de brutalidade da Polícia Federal e de ataque à autonomia das Universidades Públicas do Brasil.
[1] Ex-reitores manifestam apoio a dirigentes da UFMG: https://ufmg.br/comunicacao/noticias/ex-reitores-manifestam-apoio-a-dirigentes-da-ufmg
[2] Nota Apubh: http://apubh.org.br/acontece/acontece-na-apubh/nota-da-apubh-em-defesa-da-ufmg/